Título: Cabral filia Eduardo Paes no PMDB para lançá-lo em 2008
Autor: Grabois ,Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2007, Política, p. A8

Eduardo Paes: saída do secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer esvazia o PSDB no Estado O secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer do Rio, Eduardo Paes, aceitou o convite do governador do Rio, Sérgio Cabral, e vai sair do PSDB para ser candidato a prefeito do Rio pelo PMDB em 2008. Junto com Paes, saem do PSDB do Rio o deputado estadual Pedro Paulo Carvalho Teixeira e os vereadores Luiz Antonio Guaraná, Patrícia Amorim e Luiz Carlos Ramos. Com isso, a bancada estadual tucana ficará com cinco deputados enquanto o número de vereadores da capital será reduzido de sete para quatro. Paes, que estava no PSDB desde 2003, assinará sua filiação ao PMDB amanhã.

"Atendendo a uma convocação do governador Sérgio Cabral, saio do PSDB, partido que me acolheu com carinho e onde estabeleci relações políticas e pessoais profundas, para ingressar no PMDB, colocando-me à disposição do partido para as disputas políticas que estão por vir", disse Paes, em nota.

Mesmo com a saída de Paes, o presidente do PSDB do Rio, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, diz que o Rio terá um candidato tucano à prefeitura em 2008. Os pré-candidatos são o próprio Corrêa da Rocha, a vereadora Andréa Gouvêa Vieira e o deputado federal Otávio Leite. O ex-deputado federal Márcio Fortes, que faz parte das executivas nacional e regional do PSDB, nega um enfraquecimento da legenda nas próximas eleições. "O PSDB tem muita possibilidade de fechar alianças com o PDT, o PPS e o PV", afirmou Fortes. A aposta tucana é receber apoio de Fernando Gabeira (PV) - deputado federal mais votado no Estado do Rio - e da juíza Denise Frossard (PPS), candidata derrotada para o governo do Rio no ano passado, mas com resultado expressivo nas urnas. "Se a Andréa Gouvêa Vieira, por exemplo, sai candidata apoiada pelo Gabeira e pela Denise Frossard, teremos muitos votos", disse Fortes.

A saída de Paes do PSDB foi uma vitória para o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), que assim, evita a aliança do prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), com o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, também presidente do PMDB estadual. O acordo, fechado no âmbito do diretório estadual do partido, causou mal-estar a Cabral, pois tinha como objetivo principal fazer oposição ao governo do presidente Lula, um forte aliado de Cabral. Pelo acordo, o DEM teria a candidatura para prefeito da capital e o PMDB ficaria com a maior parte das candidaturas dos municípios do interior.

Ontem, o presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), um aliado de Garotinho, disse, entretanto, que o acordo com os democratas "já está em marcha em todo o Estado". "Trata-se de matéria vencida", afirmou Picciani, que também se disse totalmente contrário à filiação de Paes ao PMDB. "Defendi a aliança estadual prioritária com os democratas como a melhor estratégia para o PMDB", ressaltando que dos 71 membros do diretório regional, 63 votaram a favor da aliança. Na mesma linha, o prefeito Cesar Maia disse que nada do que foi acordado entre o DEM e o PMDB mudou.

Por outro lado, o governador Cabral tem reforçado a idéia de que a eleição municipal é um assunto do diretório municipal da legenda, na tentativa de afastar Garotinho do jogo político local. "Do ponto de vista do estatuto do PMDB, os diretórios municipais têm a prerrogativa de decidir as candidaturas municipais. O diretório regional pode apenas recomendar", disse o subsecretário estadual de governo, Rodrigo Bethlem, membro da executiva municipal do PMDB. A decisão final sobre a candidatura do partido ocorrerá apenas em junho, na convenção municipal, na qual Cabral tem apoio da maioria dos 150 integrantes, informou Bethlem.