Título: Bolsas ignoram crise e podem ganhar mais
Autor: Pavini, Angelo ; Campos, Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2007, Finanças, p. C6

As bolsas dos países emergentes deixaram para trás a crise das hipotecas de risco ("subprime"), como mostram as fortes altas recentes. A leitura das grandes casas de investimento, como Merrill Lynch e HSBC, é de que, para esses mercados, o potencial de alta de alguns países é ainda maior do que há dois meses, especialmente para o Brasil. O índice MSCI Emergentes subiu ontem 1,19%, acumulando 33,5% no ano.

O HSBC vê um cenário ainda melhor para os mercados emergentes, diz Luiz Ribeiro, gestor dos fundos offshore da HSBC Investments. O que melhorou foi o aumento da liquidez internacional, impulsionada pelo corte dos juros em 0,5 ponto percentual nos Estados Unidos, e pela falta de opções rentáveis. Ele trabalhava com um valor justo para o Índice Bovespa de 68 mil pontos no fim deste ano, mas, dada a liquidez, já está revisando esse alvo para 70 mil.

Para ele, a desaceleração nos EUA e na Europa não deve afetar o crescimento dos emergentes, nem o preço das commodities, sustentado pelo próprio consumo de países como China e Índia e pela desvalorização do dólar. E, em termos de preço, apesar da alta das ações, os indicadores de retorno dos emergentes ainda são atrativos. "É um nível mais alto, mas não é excessivo a ponto de caracterizar uma bolha", diz Ribeiro. Ele estima que a relação preço/lucro (PL, que dá uma idéia em anos do retorno do investimento) projetada para 2008 esteja em torno de 12 vezes , para 17 da média dos emergentes.

Já para a Merrill Lynch, o chamado "bull market" emergente, ou seja, mercado com forte tendência de alta, deve continuar válido. Embora reconheça que existem motivos para uma correção, a recomendação expressa do banco é de "compra" para os emergentes, já que a perspectiva para o desempenho no quatro trimestre é positiva.

De acordo com o banco, os emergentes vão completar cinco de anos de mercado em alta no dia 10 de outubro. Em 2002, o MSCI Emergentes estava em 255 pontos, com capitalização de mercado em US$ 450 bilhões. Atualmente, está em 1.200 pontos, com capitalização de US$ 3,3 trilhões, puxado pelos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). "Compre os BRICs", diz o relatório da Merrill, alegando que eles têm baixa exposição ao setor de consumo americano e são passíveis de uma bolha pela grande liquidez internacional.