Título: Oferta global de fertilizantes nitrogenados deverá crescer
Autor: Bouças , Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2007, Agronegócios, p. B13

Segundo Maene, há 50 projetos de novas plantas de nitrogenados no mundo A relação entre oferta e demanda de fertilizantes nitrogenados (à base de petróleo) tende a melhorar nos próximos quatro anos, o que significa um abastecimento mais confortável, mas não necessariamente redução nos preços. A conclusão é de Luc Maene, diretor-geral da Associação Internacional das Indústrias de Fertilizantes (IFA, sigla em inglês), entidade que representa globalmente produtores e distribuidores de adubos, com atuação em 89 países e sede em Paris, na França.

"Embora haja uma perspectiva de aumento da oferta global, os preços dos fertilizantes estão diretamente ligados às cotações do petróleo e do gás natural. Enquanto esses preços subirem, os fertilizantes vão ficar mais caros", afirma Maene. Segundo ele, no entanto, o mercado global já atingiu a sua pior relação de estoque/consumo e, com a perspectiva de aumento na produção, os fundamentos altistas perderão um pouco de força.

Ele observou que há 50 projetos de novas plantas de nitrogenados de amônio no mundo, que entrarão em operação até 2011, elevando a capacidade de produção em 15,7%, de 145,8 milhões para 168,7 milhões de toneladas por ano. No leste da Ásia, o aumento será de 18%, para 64 milhões de toneladas por ano. Na Europa Oriental e Ásia Central (EECA), o aumento será de 9,7%, para 22,6 milhões de toneladas, e no oeste da Ásia, de 50,5%, para 15,5 milhões de toneladas.

No caso da oferta de uréia (outro nitrogenado), a capacidade global crescerá 22,3% até 2011, para 88,7 milhões de toneladas por ano. Mais uma vez, o maior crescimento será na Ásia, de 26%, para 64,6 milhões de toneladas/ano.

Nas contas da IFA, a oferta total de nitrogenados crescerá 18% até 2011, de 131,1 milhões para 154,2 milhões de toneladas por ano. Já a demanda global terá aumento de 9%, passando de 126,1 milhões para 137,2 milhões de toneladas. Com isso, diz Maene, os estoques globais passarão de 5 milhões de toneladas neste ano para 17 milhões em 2011. "Historicamente, um estoque de 9 milhões é suficiente para garantir o equilíbrio de mercado. Vamos sair de uma situação apertada para uma condição mais confortável", diz Mane.

A demanda global de fertilizantes, segundo a IFA, deve crescer 2,6% ao ano, para 184,2 milhões de toneladas até 2011. A demanda por nitrogenados, hoje de 100 milhões de toneladas, deve aumentar 2,3% ao ano até 2011. A demanda por fosfatados aumentará 3,2% ao ano e a de produtos à base de potássio, 2,9% ao ano.

Maene cita como fatores para o aumento do consumo de fertilizantes a maior demanda global por alimentos e por grãos para produção de ração animal e de biocombustíveis. "A produção de biocombustíveis tem crescido em média 16% por ano. A demanda por alimentos aumenta 8% e a demanda por ração animal, 5%."

Para Brasil e América do Sul, as perspectivas são incertas. "Por serem grandes fornecedores de alimentos, provavelmente seguirão a tendência global, sobretudo os mercados da China, Índia e Indonésia, que terão a maior expansão no consumo de grãos e alimentos. Mas ainda é difícil precisar como ficará a relação de oferta e demanda sul-americana", afirma Maene.

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) prevê para este ano aumento de 12% no consumo de fertilizantes no Brasil, para 23,5 milhões de toneladas.