Título: Cooperativa eleva produção de pescados da Paraíba
Autor: Bouças, Cibelle ; Cruz ,Patrick
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2007, Agronegócios, p. B14

Um projeto realizado por um grupo de 630 pescadores na Paraíba já ajudou a quintuplicar a produção de pescados do Estado e promete resultados ainda mais expressivos, e no curto prazo.

Afinal, foi há apenas um ano que a Cooperativa de Industrialização e Desenvolvimento do Alto Sertão da Paraíba começou a cultivar tilápias em oito reservatórios - localizados em Picuí, Cacimba de Dentro, Juazeirinho, Araçagi, Itatuba, Camalaú, Congo e Sapé -, e o planejamento do grupo contempla a instalação de 30 unidades.

Dos 22 reservatórios ainda na gaveta, 12 são em águas da União e esperam a Aprovação da Agência Nacional das Águas (ANA). "Se todos entrarem em operação, a produção poderá chegar a 10 mil toneladas de tilápia por ano", diz Anísio Soares Maia, superintendente da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) na Paraíba e coordenador do projeto.

No ano de estréia, a cooperativa capturou 2,5 mil toneladas de tilápia, cinco vezes a produção aqüícola da Paraíba em anos anteriores. O grupo fechou contrato com a Netuno Alimentos para fornecer 4 mil toneladas de tilápia por ano, e sua receita total deverá alcançar R$ 7,5 milhões em 2007. A meta é chegar a R$ 25 milhões por ano.

"O Nordeste tem as melhores condições para o cultivo de tilápia, porque tem clima quente e água de boa qualidade, embora mal distribuída", diz Leonardo Teixeira, diretor financeiro da Netuno. A empresa começou a processar tilápias em 2006 e, neste ano, deve produzir 5 mil toneladas do pescado, ante 1,2 mil no ano anterior.

A BR Fish, braço da fabricante de aguardente Ypióca dedicado à aqüicultura, também reforça suas apostas na criação de tilápias. A BR Fish já produz 60 toneladas de tilápia por mês. Estuda, agora, exportar para os Estados Unidos e estabelecer uma segunda área para ampliar a produção pesqueira, segundo Eduardo Alcântara, supervisor administrativo da empresa.

Felipe Matias, diretor de Aqüicultura da Seap, diz que a criação de peixes - hoje em torno de 270 mil toneladas por ano no país, 70 mil das quais de tilápias - tem potencial para chegar a 700 mil toneladas em quatro anos. Esse avanço dependerá, no entanto, da resolução de entraves na legislação.

Segundo Matias, para instalar um viveiro ou tanque-rede em águas da União são necessárias autorização da Marinha (que regula o trânsito de barcos) e licença ambiental. "Essa parte do processo não está resolvida". Em contrapartida, diz, a Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento (SPU) deverá, ainda este mês, autorizar a Seap a conceder a cessão de águas a pescadores.