Título: Libra investe para atrair novas cargas para seu terminal no Rio
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2007, Empresas, p. B6

A Libra Terminal Rio S.A., concessionária de um dos terminais de contêineres do porto do Rio, começa a operar ainda este mês as primeiras cargas de café para exportação. O produto, originário de exportadores em Minas Gerais, será carregado em contêineres no Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex), criado pela empresa na retroárea do terminal, no bairro do Caju. A Libra também pretende atrair para o Redex, que começará operando em outubro com produtos manufaturados, outras mercadorias como ferro-gusa e pedras ornamentais paletizadas.

A criação do Redex, uma área sob controle de fiscalização aduaneira para uso dos exportadores, vai permitir à Libra liberar espaço no seu terminal, conhecido como Terminal 1-Rio, para cargas de importação. No total, a empresa investiu R$ 2,5 milhões em infra-estrutura e equipamentos como empilhadeiras para o Redex, um armazém que era utilizado para reparo de contêineres vazios.

Os recursos aplicados no espaço especial da empresa fazem parte de um investimento global de R$ 23 milhões previsto pela Libra para o Terminal 1-Rio, em 2007, diz o presidente da companhia, José Eduardo Bechara. O montante inclui a compra de um novo portainer (equipamento para carga e descarga de contêineres nos navios importado da China) e de novas empilhadeiras de pátio, além da construção de dolfins (estruturas de concreto para atracação de navios fora do cais). Segundo o executivo, a frota de empilhadeiras de contêineres, formada por 11 máquinas, foi toda renovada.

Os dolfins, por sua vez, vão permitir acomodar no terminal o crescimento dos navios de contêineres e de produtos químicos, carga que o Terminal1-Rio também abriga. Hoje as embarcações são cada vez maiores.

Em 2007, o Terminal 1-Rio, que ocupa área de cerca de 120 mil metros quadrados em frente à Baía de Guanabara, parte dela sob a ponte Rio-Niterói, deve movimentar 145 mil contêineres. O montante inclui cargas de exportação e importação e representará crescimento de aproximadamente 11% em relação às 130 mil unidades movimentadas pelo terminal em 2006, diz o presidente da companhia.

-------------------------------------------------------------------------------- A Libra Terminal investiu R$ 2,5 milhões em infra-estrutura e equipamentos para o Redex --------------------------------------------------------------------------------

Na visão do executivo, a exportação de café e de outras cargas pelo Redex tem potencial para atrair novas linhas de empresas de navegação para o terminal da Libra. Hoje os principais armadores internacionais já operam pelo Terminal 1-Rio. Na lista estão empresas como Maersk, Hamburg Süd, CMA-CGM, ZIM, NYK, Mitsui, China Shipping, CCL, CSAV, Maruba, Hapaglloyd e PIL, entre outras.

Segundo Bechara, a estufagem do café em contêineres no Redex começará a ser feita manualmente em sacarias e, em uma segunda etapa, o processo será mecanizado com o carregamento sendo feito a granel.

A oportunidade de operar com com esta commodity surgiu de um entendimento entre a Libra e o Centro do Comércio do Café do Rio de Janeiro, presidido por Guilherme Braga. Segundo Braga, em 2006 foram exportadas pelo Estado do Rio (incluindo os portos do Rio de Janeiro e Itaguaí) 3,2 milhões de sacas de café, equivalentes a 13% do volume total exportado pelo país. De janeiro a setembro deste ano, o total exportado pelo Estado atingiu 1,7 milhão de sacas.

Braga estima que até o fim do ano o volume de exportação de café pelo Rio de Janeiro alcance entre 2,6 milhões e 2,7 milhões de sacas. A queda, segundo ele, é resultado de uma menor oferta de linhas de navegação pelos armadores. Fontes do setor dizem que, no Rio, o café não é uma das cargas preferidas pelos armadores. Braga entende, porém, que a boa condição do porto do Rio e custos de operação competitivos podem fazer com que uma parte do café de Minas exportado atualmente por Santos passe a ser embarcado pelo Rio.

Segundo o presidente do Centro do Comércio do Café do Rio, ainda não foi definido se os equipamentos para estufagem do café em contêineres, que vinham sendo usados por outro operador, serão utilizados pela Libra. "É uma decisão que cabe à empresa", afirmou. Bechara, da Libra, está confiante, por sua vez, que as obras de dragagem previstas para o porto carioca permitirão aos navios colocar mais carga a bordo no Rio.