Título: GM muda comando no país e reforça área financeira
Autor: Olmos , Marli
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2007, Empresas, p. B6

Já faz algum tempo que a indústria automobilística começou a prestar mais atenção nos seus executivos de finanças. Além de precisar mais deles para sanar os problemas das crises nas próprias matrizes, as montadoras começaram a escalar os funcionários que mais entendem de finanças para o comando de filiais de países com economias menos estáveis e mais sensíveis a questões como o câmbio. As mudanças que a General Motors, até agora a maior montadora do mundo, anunciou ontem referendam essa tendência.

O homem de finanças que comandava as operações do Brasil e Mercosul desde 2004 vai reforçar essa área em Detroit, onde está a matriz da General Motors. Em seu lugar, entra outro executivo financeiro, de origem sul-americana. Todas as nomeações, que incluem ainda mudanças na área de produto nos Estados Unidos serão efetivadas no dia 1º de novembro.

A ascensão de Ray Young, canadense de família chinesa que preside hoje a GM no Brasil e Mercosul, não foi surpresa. O deslocamento de Young, de 45 anos, para o Brasil, há três anos, já embutia a intenção do presidente mundial da companhia, Rick Wagoner, de usar o Brasil, conhecido pela indústria automotiva como terreno fértil para o treinamento de seus executivos, para aprimorar os conhecimentos administrativos de Young.

Wagoner nunca escondeu que preparava Young para cargos mais nobres. No próximo dia 1º o canadense assumirá a vice-presidência mundial de finanças. Na prática, isso significa que ele será o terceiro homem da companhia. Se reportará a Frederick Henderson, presidente mundial da área, um cargo abaixo de Wagoner. O lado em comum curioso entre esses executivos é que os três sabem se comunicar em português. Tanto Wagoner como Henderson também foram treinados em campo brasileiro.

O executivo que assumirá o comando da operação brasileira e do Mercosul é o colombiano Jaime Ardila, de 52 anos, que trabalha na General Motors há 23. Ele já comandou as filiais da GM na Colômbia e Argentina e hoje é o vice-presidente e chefe financeiro da operação da GM nas regiões que englobam toda a América Latina, África Oriente Médio. Ardila começou a defender os acordos bilaterais como Mercosul e México, já em 2002, quando presidia a GM na Argentina.

Ardila carrega para a nova função o trunfo de a região da qual era até aqui o principal executivo financeiro ter apresentado lucratividade e crescimento nos últimos quatro anos. Já Young, que rapidamente conquistou respeito e admiração de toda a comunidade automotiva no Brasil, inclui no currículo outra vitória : no ano passado, a General Motors do Brasil voltou a registrar lucro depois de oito anos de prejuízos.

Além de escola para seus executivos, o Brasil representa importante mercado para a GM, que tem visto as suas vendas encolherem nos Estados Unidos por conta do avanço das marcas asiáticas. O mercado brasileiro, onde a GM vendeu 409,9 mil veículos no ano passado, é o terceiro maior para a companhia. Fica trás apenas dos Estados Unidos e China. Na gestão de Young, focada na questão financeira, a GM desistiu de brigar pela liderança e passou a dar prioridade à lucratividade.