Título: Petrobras quer maior fatia no negócio de distribuição
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2007, Empresas, p. B8

A gestão de Graça Foster na diretoria de gás e energia da Petrobras dará continuidade aos projetos da diretoria de Ildo Sauer, sendo possível até ampliar a participação em distribuidoras estaduais de gás. Hoje, a estatal tem 47% do mercado de distribuição de gás no Brasil, com participações acionárias ou controle de 20 das 25 distribuidoras locais. No entanto, Graça lembrou que a Petrobras não está nos maiores mercados: São Paulo e Rio. "Estamos atentos a pequenas e grandes oportunidades que surgirem e ainda temos interesse em adquirir novas reservas", disse.

Graça Foster também indicou que deve manter a linha de negociação que a Petrobras vinha conduzindo até agora com os sócios da Ceará Steel - Dongkuk, Danieli e Vale do Rio Doce - que insistem em usar gás com reajustes vinculados ao do aço e não à variação do óleo no mercado internacional. "Acompanhei o empenho de todos os envolvidos (nessas negociações) e não posso dizer que se chegou a um final. Mas não encontrei elementos que mudem a racionalidade econômica que pautou as negociações", disse a executiva.

Sobre a política de preços do gás natural, Graça frisou que a Petrobras buscará rentabilidade para remunerar seus investimentos na cadeia, que segundo ela não se resume à entrega do insumo ao mercado, envolvendo também a atividade de exploração, produção e transporte. Repetiu mais de uma vez que o mercado não pode ter "fragilidades" e disse que a Petrobras não pode desenvolver uma política que "mate o consumidor". Mas observou que "o outro lado também é verdadeiro".

A empresa planeja investir US$ 6,7 bilhões na área de gás e energia no período 2008-2012. Somando-se a esses valores os investimentos na cadeia de gás que serão feitos pelas áreas de abastecimento e exploração e produção, a soma sobe para US$ 18,2 bilhões.

Outro ponto que tem preocupado o mercado diz respeito à possível redução da oferta de gás para o mercado comercial e industrial devido à necessidade de "reservar" gás para geração de energia por usinas termelétricas, o que reduziria a oferta para outros usos. Algumas fontes ouvidas pelo Valor na semana passada mostravam curiosidade de saber qual será o tratamento dado ao tema pela nova diretora. Ela respondeu assim a uma pergunta sobre o assunto. "A inteligência é dar garantia para o despacho térmico e ao mesmo tempo dar garantias ao consumidor".

Atualmente, a oferta de gás para todo o mercado brasileiro é de 46,3 milhões de metros cúbicos ao dia, excluído o consumo próprio da estatal. Desse total, 6,1 milhões de metros cúbicos ao dia são destinados ao mercado térmico.

Para 2012, a Petrobras planeja oferecer 134 milhões de metros cúbicos ao dia - conta para isso com a importação de GNL e aumento da produção interna - estimando um aumento anual de 9,8% do consumo. Dentro desses parâmetros, ela planeja aumentar a oferta para o mercado termoelétrico em 687%, para 48 milhões de metros cúbicos diários. Isso significa que somente o gás destinado à geração de energia vai consumir quase todo o volume destinado ao mercado brasileiro atualmente. Segundo Graça, "não é racional" manter parados 48 milhões de metros cúbicos de gás por dia exclusivamente para termelétricas.

A nova diretora também informou que assumiu as negociações para mudar a fórmula de preço do gás nacional com as distribuidoras. As conversas começaram com a Bahia, onde esteve na terça-feira. Segundo a Petrobras, o preço médio do gás nacional aumentou 7% no dia 1º de setembro, o que não significa que esse percentual será repassado integralmente para os clientes das distribuidoras. No Rio, a Ceg informou que o aumento médio da tarifa foi de 3,7%.