Título: Zuanazzi sai com posse de diretores, diz Jobim
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2007, Brasil, p. A8

Nelson Jobim: incidentes com controladores estão superados O ministro da Defesa, Nelson Jobim, não descartou a desmilitarização do controle de tráfego aéreo e classificou como "jogo político" o alerta feito pela Ifatca, a federação internacional de controladores, de que um novo acidente aéreo no Brasil é uma questão de tempo. Jobim garantiu que o diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, deixará o cargo assim que forem empossados três novos diretores do órgão, recompondo assim o quórum mínimo para decisões.

"No momento em que tivermos a posse de três novos membros, o doutor Milton tomará outro rumo e então nós indicaríamos a doutora Solange", afirmou o ministro, referindo-se à sua assessora especial, Solange Paiva Vieira, que assumirá o comando da Anac. Jobim disse que não há conflito entre ele e Zuanazzi e assegurou que o atual presidente da agência não se opõe a deixar o cargo. "Não somos amigos, mas nossas relações institucionais são boas", disse o ministro, em entrevista a um grupo de rádios.

Já foram feitas as indicações do brigadeiro Allemander Pereira Filho, do economista Marcelo Guaranys e do engenheiro aeronáutico Cláudio Jorge Alves para a nova diretoria da Anac. Só o primeiro foi sabatinado, até agora, pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado. Solange ainda não teve sua indicação formalizada.

Quanto às críticas feitas pela Ifatca, que questionou nesta semana a falta de investimentos na modernização do controle de tráfego, Jobim viu nas declarações a intenção de criar um ambiente de reivindicações salariais a favor dos controladores brasileiros. "Isso faz parte de um jogo corporativo, tem objetivo político", avaliou.

Para ele, os problemas que levaram ao motim de controladores em março fazem parte do passado. "Aqueles incidentes que aconteceram com os controladores, pode ter certeza, estão rigorosamente superados", garantiu Jobim. O ministro mostrou-se aberto a discutir a desmilitarização do controle aéreo - recomendação que consta do relatório final da CPI do Apagão da Câmara dos Deputados. Só deixou claro que não é uma decisão para breve. "As coisas não se fazem de afogadilho. Não tenho opinião formada sobre esse assunto", afirmou.

De acordo com o ministro, o governo precisa fazer um "mea culpa" quanto à falta de investimentos na infra-estrutura aeroportuária. Ele reconheceu que não houve planejamento adequado para dar conta do aumento da demanda pelo transporte aéreo. No esforço de desconcentrar vôos dos grandes "hubs" (centros de distribuição de passageiros), como o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ele disse que as taxas da Infraero são cruciais. "O instrumento que vamos dispor para isso é a calibragem das taxas aeroportuárias."

Ao explicar o programa estratégico de defesa nacional que está elaborando junto com o ministro da Secretaria de Longo Prazo, Mangabeira Unger, Jobim disse que a autonomia tecnológica e o desenvolvimento de uma indústria bélica brasileira são pré-condições para o reaparelhamento das Forças Armadas. "É uma decisão do presidente Lula", afirmou. Questionado se pensa em candidatar-se a um cargo eletivo em 2010, Jobim riu e desconversou: "Sou candidato a concorrer a um escritório de advocacia assim que terminar o meu período (como ministro)."