Título: Cháves defende integração alternativa
Autor: Daniela Chiaretti
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2005, Internacional, p. A7

A exemplo de 2003, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, desfrutou de um dia de estrela no Fórum Social Mundial (FSM). Pela manhã, visitou um assentamento de agricultores em Tapes, a 103 quilômetros de Porto Alegre, com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, o líder do MST João Pedro Stédile e o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). À tarde, atacou o "imperialismo" americano, defendeu o socialismo como "projeto" e a integração "alternativa" da América Latina e sinalizou que a crise diplomática com a Colômbia pode ser superada numa reunião, quinta-feira, com seu colega colombiano Álvaro Uribe. Durante entrevista coletiva para mais de 300 jornalistas, estudantes e simpatizantes, Chávez também sugeriu uma consulta popular para a solução da crise no Haiti. Sem se referir ao Brasil, que enviou tropas ao país caribenho, disse que o problema não será resolvido pela ONU nem pela reunião de um grupo de presidentes, mas pela própria população local. No fim da tarde, ele falou para mais de 10 mil pessoas no ginásio de esportes Gigantinho. Conforme Chávez, o presidente de Cuba, Fidel Castro, ajudou a intermediar conversações entre Colômbia e Venezuela. A crise estourou em dezembro, quando o integrante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Granda, foi seqüestrado em Caracas a mando do governo colombiano. Segundo o presidente venezuelano, no fim da semana passada Bogotá emitiu uma nota em "linguagem diplomática" entendida como uma retratação e como um "passo adiante" para a superação da crise. Para Chávez, um conflito entre Colômbia e Venezuela só interessaria aos Estados Unidos, que teriam uma "desculpa" para intervir na região e acabar com a "revolução bolivariana". Ele disse que o papel dos militares latino-americanos é o de "libertadores" do povo do "jugo do imperialismo" e que seu país está reforçando as forças armadas. "A Venezuela não vai se meter com ninguém, mas que ninguém se meta com a Venezuela". No dia 14 de fevereiro o venezuelano deverá receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Caracas. De acordo com ele, os dois vão discutir uma "agenda" para a América Latina. Chávez defende a formação de uma aliança "bolivariana", a Alba, em oposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e recentemente fechou acordos comerciais com Cuba nas áreas de petróleo, açúcar e mineração. (SB)