Título: Berzoini disputará reeleição pela presidência do PT
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2007, Política, p. A12

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, apresentou ontem sua candidatura à reeleição ao cargo, tirando de cena o eventual lançamento de Marco Aurélio Garcia na disputa pelo comando partidário. Reticente sobre a possibilidade de permanecer por mais dois anos na função, Berzoini tergiversou até o último momento e só anunciou sua intenção após uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por diversas vezes, Berzoini mostrou-se inclinado a não disputar a reeleição. A relação entre ele e o presidente Lula ficou estremecida desde o episódio da compra de um dossiê contra tucanos durante a campanha pela reeleição de Lula, em 2006. Citado no "bando de aloprados" que teria comprado o dossiê, foi afastado do comando da campanha e licenciou-se da presidência da agremiação.

Ontem, Berzoini relatou ter assumido a candidatura depois de falar com Lula, na terça-feira, mas disse que mudou de idéia antes da conversa, minimizando a influência do presidente de honra do PT. "(A conversa) foi importante, mas decisiva mesmo foi a palavra de minha esposa", brincou. Desde que voltou de uma viagem à China, há cerca de duas semanas, relatou que não parou de receber o apoio de petistas. "Diante de manifestação de parlamentares, sindicalistas, dirigentes estaduais e nacionais, tomei a decisão de reconsiderar (a reeleição)."

Berzoini foi claro em relação à eventual candidatura de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, à presidência, pela mesma tendência que ambos integram, a "Construindo um Novo Brasil, o antigo Campo Majoritário. O presidente do PT disse que "Marco Aurélio nunca se lançou", mas sim foi lançado. Ele afirmou ter consultado Marco Aurélio e que não houve divergências.

A eleição interna para a escolha dos dirigentes está marcada para os dias 02 e 16 de dezembro. Pelo menos mais quatro candidatos devem disputar o cargo com Berzoini. Apoiado pelos "martistas, o deputado Jilmar Tatto é o representante das correntes Movimento PT (mais de centro) e Novo Rumo (dissidente do ex-Campo Majoritário). Os candidatos da chamada esquerda partidária são o dirigente Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, o deputado José Eduardo Martins Cardozo, do grupo Mensagem ao Partido (liderado por Tarso Genro) e o dirigente Markus Sokol, da corrente O Trabalho.

Durante a eleição interna, o PT quer lançar um movimento de coleta de assinaturas para enviar ao Congresso uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de iniciativa popular. Nela seria pedida a abertura de uma Constituinte para debater a reforma política. A proposta será apresentada hoje, na reunião do Diretório Nacional. Dos 950 mil filiados, a expectativa é de que 400 mil filiados votem, mais do que os 315 mil que participaram em 2005. A última eleição custou cerca de R$ 800 mil.