Título: Citibank elogia política econômica brasileira e não descarta aquisição
Autor: De Davos, Suíça
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2005, Internacional/especial, p. A9

O Citibank, um dos maiores bancos do planeta, busca novas oportunidades no Brasil e admite a possibilidade de aquisições, disse ao Valor o presidente da instituição, William Rhodes, declaradamente entusiasmado com a política econômica do governo Lula. "O Citibank tem planos muito agressivos de investir no Brasil", afirmou. "Queremos aumentar os investimentos na área de crédito ao consumo, podemos ter crescimento interno, mas também estamos buscando outras oportunidades e não excluímos aquisições", disse. Rhodes lembrou que o banco opera em cem países, "e posso dizer que a política econômica do governo Lula deve servir de exemplo para o resto do mundo", conclamou o ex-negociador da dívida com os países do terceiro mundo nos anos 90 e que a esquerda não cessava de criticar. Também o presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, mostra-se entusiasmado com o desempenho da América Latina. Dentro de duas semanas ele vai ao Brasil, México e Chile. "Há um tremendo potencial de negócios", diz ele, acrescentando que o banco alemão quer crescer organicamente. Na área industrial, a Fiat quer produzir um novo modelo popular no pais, disse seu presidente Sergio Marchionne. Segundo ele, a produção deve começar em 2007. "Mudei totalmente minha visão sobre o Brasil", afirmou Marchionne após café da manhã com Lula. A Alcoa, um dos líderes mundiais na produção de alumínio e alumina, está para desbloquear investimentos de US$ 1 bilhão, que dependem de uma autorização de mineração de bauxita no Pará e da construção de uma hidrelétrica. "O presidente disse que estão saindo, então o investimento vai ser iniciado", disse o presidente do grupo, o brasileiro Alan Belda. A Alcoa já está aumentando a capacidade no Brasil e no resto do mundo, com investimentos totais de US$ 2,5 bilhões. No ano passado, os preços de alumínio e outros materiais produzidos pelo grupo aumentaram 20%. "Vai continuar havendo pressão de demanda e aumento de preços", diz Belda. Em Davos, um empresário da Arábia Saudita procurou Lula interessado em comprar aviões da Embraer. Outro quer entrar na área de portos e um terceiro, no setor de microcrédito. Ao fazer o balanço da visita de dois dias do presidente a Davos, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, não hesitou: "Foi a melhor viagem do presidente Lula até hoje, do ponto de vista comercial e político". Para Furlan, nada melhor do que a estratégia do "olho no olho" para negociar. Cerca de 60 empresários, dos mais de cem convidados, apareceram a uma exposição brasileira sobre oportunidades de investimentos num elegante hotel de Davos. (A.M.)