Título: Energisa vende térmica para Petrobras
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2007, Empresas, p. B7

A Energisa , holding que substituiu a Cataguazes-Leopoldina na bolsa de valores, deu mais um passo na estratégia de focar na distribuição do insumo. Por R$ 204 milhões, a companhia controlada pela família Botelho vendeu a Usina Termelétrica Juiz de Fora à Petrobras, como havia adiantado o Valor na edição de 24 de setembro.

Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os R$ 204 milhões não vão direto para os cofres da holding, porque R$ 50 milhões "referem-se a dívidas líquidas transferidas ou que serão pagas diretamente pela Petrobras".

Com a compra, a Petrobras passará a ter 14 usinas termelétricas, que são capazes de gerar quase 4,6 mil megawatts (MW). O empreendimento adquirido junto à Energisa tem uma capacidade de geração de 87 MW. O objetivo da estatal ao comprar a termelétrica é desfazer o contrato de gás, considerado muito barato (US$ 3,70).

Este não foi um movimento isolado de venda dos ativos de geração da Energisa. Em julho deste ano, a companhia embolsou R$ 292,9 milhões ao negociar onze Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e quatro projetos hidrelétricos, o que na prática significa potência conjunta de 233 (MW), para a filial local da canadense Brascan. Restam ainda na carteira da holding 172 MW de PCHs.

Mas Maurício Botelho, diretor financeiro e membro da família controladora, afirmou em entrevista recente ao Valor que, por ora, não tem intenção de se desfazer dos 172 MW. Até porque, segundo Botelho, esses empreendimentos ainda precisam de licenciamento ambiental e de algumas autorizações.

A Energisa é controladora de algumas distribuidoras no Brasil, que atendem juntas 2 milhões de consumidores. Focada principalmente no Nordeste do país, a holding é dona de companhias no Estado da Paraíba, a Saelpa e Celb, além da Energipe no Estado do Sergipe. Também controla a Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo (Cenf) no Estado do Rio de Janeiro e a Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, em Minas Gerais.

O mercado ainda comenta que o objetivo da Energisa não é apenas focar na distribuição dos megawatts, mas também usar os recursos para melhorar as perdas de energia que suas distribuidoras possuem hoje. Atualmente a perda média da Energisa é próxima dos 14%.

Um dos alvos para que a holding reduza as suas perdas é a Saelpa. O indicador da distribuidora paraibana não é nada bom e atinge quase 20%. Portanto, a meta é diminuir este número para um patamar próximo de 15,5% em 2009. Para isso, além dos investimentos feitos para adquirir participação acionária das controladas, a Energisa aplicou R$ 361 milhões em abril de 2006 para melhorar operacionalmente suas companhias.

Em 2006, a Energisa teve um faturamento bruto de R$ 2,3 bilhões e lucro líquido de R$ 76,2 milhões. Sua relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (lajida) é de 2,7 vezes.