Título: Petrobras investe US$ 5 bi para engrossar produção
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2005, Empresas &, p. B5

A Petrobras quer iniciar um novo ciclo de crescimento na produção de petróleo e gás este ano, deixando para trás as perdas de 2004, quando houve uma queda de 3%, a primeira redução em relação ao ano anterior em 14 anos. A estatal vai investir US$ 5 bilhões em exploração e produção de petróleo e gás este ano, área que irá abocanhar 62,5% do orçamento da empresa para 2005, de US$ 8 bilhões. Em entrevista ao Valor, o diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, rebate as críticas sobre o freio no ritmo de aumento da produção dizendo que a média mundial de queda natural da performance de bacias maduras, como a de Campos, varia de 6% a 10%. "Nossa produção caiu 3% porque fizemos um grande esforço no ano passado das nossas áreas maduras para não deixar a produção cair mais", diz o diretor. E complementa, sem entrar em detalhes, que a companhia teve problemas operacionais com as novas plataformas que foram entregues no ano passado. A meta da Petrobras é chegar a dezembro produzindo uma média de 1,7 milhão de barris/dia, contra o 1,55 milhão de barris de 2004. Já com vistas ao futuro aumento da produção, Estrella explica que a maior parte dos dispêndios previstos em 2005 - cerca de US$ 4,4 bilhões - serão destinados a projetos que vão permitir elevar ainda mais a produção em 2006. Outros US$ 600 milhões serão destinados à exploração de novas áreas, como os blocos ao redor do campo de Golfinho, no Parque das Baleias, como foi batizada a área onde a empresa encontrou seis novos campos: Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Azul, Baleia Anã e Baleia Bicuda; e o campo de gás de Mexilhão (antigo BS-400) na bacia de Santos e no vizinho BS-500, onde foram encontradas reservas gigantes. O diretor, apontado como integrante da ala mais nacionalista da diretoria, admitiu informações já publicadas sobre o interesse manifestado por companhias estrangeiras como a BG, Repsol e Statoil, em dividir os investimentos na exploração desse gás. Mas explica seu ponto de vista sobre o assunto. "Eu parto do princípio que as parcerias são sempre bem-vindas desde que atendam aos interesses estratégicos da Petrobras, assim como aos financeiros e econômicos, que tragam sinergia tecnológica e parcerias internacionais. É assim que eu vejo as parcerias no Brasil. Não vejo como uma coisa em bloco, mas algo mais amplo, que traga conhecimento estratégico e propicie sinergia com outras empresas", explica Estrella. Um dos maiores reforços na produção virá do campo de Golfinho, na bacia do Espírito Santo, onde a Petrobras encontrou gás e petróleo com densidade variando de 28 graus a 41 graus (o mais leve) segundo os critérios do American Petroleum Institute (API). Para maximizar receitas, a Petrobras vai começar a produzir 100 mil barris/dia de petróleo leve em Golfinho por volta de julho do próximo ano. Para chegar lá, a empresa já fretou um navio mas o projeto envolve, além do início da produção do campo, a construção de um gasoduto para levar também o gás associado ao petróleo encontrado na área. Entre as apostas exploratórias para 2005, Estrella cita as bacias do Espírito Santo e de Santos, explicando que a Petrobras não vai aceitar qualquer parceria com as empresas multinacionais interessadas em dividir os investimentos para explorar as imensas reservas de gás encontradas no campo de Mexilhão (antigo BS-400) e no BS-500. Até o final do ano, a produção vai aumentar gradualmente. A previsão é de que a plataforma P-43 atinja sua capacidade de produção plena, de 150 mil barris/dia no primeiro quadrimestre, quase simultaneamente à P-48 que chegará a esse patamar no segundo trimestre, e da P-50, que atingirá o pico de produção no terceiro trimestre. Já em dezembro terá início a produção da P-34 no campo de Jubarte, que agregará mais 60 mil barris/dia à produção da estatal. A exportação também pode melhorar a partir de meados do ano, com a entrada da plataforma P-47, destinada somente ao tratamento do petróleo do campo de Marlim, maior exportador do país. "Como você vê, estamos crescendo. Em 2006, teremos ainda Golfinho, com 100 mil barris/dia", diz Estrella. Ele também antecipou que o conselho de administração da estatal aprovou na última reunião do grupo, em 21 de janeiro, proposta da diretoria de divulgar o Manual de Estimativa de Reservas - fato comemorado pelo diretor.