Título: Fila zero na rede pública
Autor: Oliveira, Noelle
Fonte: Correio Braziliense, 18/01/2011, Cidades, p. 26

O programa para eliminar a longa espera dos pacientes dos hospitais deverá ser anunciado em breve, prometeu o governador Agnelo Queiroz, durante a visita à unidade de Sobradinho

Durante a primeira quinzena do novo governo, o centro cirúrgico do Hospital Regional de Ceilândia voltou a funcionar. As cirurgias cardíacas do Hospital de Base também foram retomadas. No entanto, a lista de demandas para a saúde no Distrito Federal só aumenta. Em sua quinta visita a hospitais da rede pública, na manhã de ontem, em Sobradinho, o governador Agnelo Queiroz (PT) encontrou mais problemas. Obras iniciadas há 10 anos e ainda incompletas, um deficit de cerca de 300 profissionais na área de Saúde, além de equipamentos de última geração, encostados por falta de instalações físicas, entraram na lista de pendências a serem resolvidas pelo gabinete de crise.

Como solução, Agnelo prometeu dar continuidade à reforma da área maternoinfantil, que custará R$ 7 milhões, além de construir um bloco atendimento ambulatorial. A intenção é ganhar espaço, o que possibilitará, entre outras medidas, a expansão do pronto-socorro. ¿A estrutura aqui é antiga. Não entra uma maca na sala de eletrocardiograma. São coisas absurdas que estamos aqui para resolver¿, disse Agnelo.

A reposição do quadro de funcionários deve demorar um pouco mais. O prazo inicial para o lançamento do primeiro edital de concurso público da Secretaria de Saúde se encerrou ontem. De acordo com o secretário de Saúde, Rafael Aguiar Barbosa, o documento está pronto, mas só deve ser lançado nos próximos 15 dias. ¿A gente espera um concurso amplo, para todos os profissionais. Queremos primeiro ter adesão e oferecer melhores condições de trabalho, que hoje são precárias e desumanas, para que os novos servidores fiquem na rede¿, afirmou o secretário.

De janeiro a setembro de 2010, o Hospital Regional de Sobradinho realizou 258.461 atendimentos no pronto-socorro, além de 95.795 nos ambulatórios. O último número ultrapassa o atendimento do Hospital Regional de Ceilândia, maior cidade do DF. Apesar da grande demanda, o hospital conta com oito leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante a visita de ontem, Agnelo determinou a criação de quatro leitos semi-intensivos, a fim de ampliar o atendimento na UTI. ¿A situação é grave. Nós temos que tomar algumas medidas estruturais para colocar o hospital para funcionar como, por exemplo, retirar unidades que estão dentro do hospital e que podem funcionar fora. Vamos fazer isso agora, sem precisar de reformas, com a otimização dos espaços¿, afirmou o governador.

O hospital também possui há 19 meses um tomógrafo que nunca funcionou. Para colocar o equipamento em uso é necessária a criação de uma rede elétrica específica no hospital, que deve ser providenciada no próximo mês, de acordo com a Secretaria de Saúde. As obras estruturais serão desenvolvidas com base em um planejamento que ainda necessita de elaboração. ¿Estamos contratando uma empresa que vai fazer o plano diretor de cada hospital. A área maternoinfantil do Hospital de Sobradinho, em construção há 10 anos, hoje não atende a necessidade da regional. Vamos evitar isso nas obras daqui para frente¿, disse o secretário.

Mudanças Para buscar restabelecer a normalidade da área de Saúde no Distrito Federal, o GDF trabalha com prazos. Para o fim de fevereiro estão previstos o edital para seleção da empresa que prestará apoio logístico à Farmácia Central, bem como a criação de uma central de compras do governo específica para a Saúde. ¿Para a central de compras dependemos da contratação de 12 pregoeiros, hoje contamos com três. Esses profissionais têm de vir de fora do quadro e estamos negociando isso com o Ministério da Saúde¿, afirmou o secretário de Saúde.

Nos próximos 50 dias, a expectativa é pela inauguração de quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que estão prontas em Samambaia, São Sebastião, Recanto das Emas e Núcleo Bandeirante. Segundo o governo, outras 10 unidades serão construídas até o fim do semestre, uma delas, inclusive, em Sobradinho II. ¿Também vamos lançar em um período muito curto um programa para zerar as filas nos hospitais, mas para isso temos que poder fazer o remanejamento. Ainda não temos onde drenar esses pacientes¿, explicou o governador.

De acordo com o secretário de Saúde, a intenção é que as consultas passem a ser marcadas como no sistema de telematrícula da Secretaria de Educação ¿ via telefone ou internet. ¿Vamos tirar pacientes que não deveriam estar na porta do hospital e com isso evitar as filas. Esse é um processo que depende da liberação do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) com quem vamos estabelecer um diálogo¿, afirmou o secretário Rafael Aguiar.

Compromissos de governo Nos primeiros 17 dias de gestão, o governador Agnelo Queiroz (PT) anunciou as seguintes medidas para melhorar a saúde do DF:

Em 50 dias: » Abrir quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Samambaia, São Sebastião, Recanto das Emas e Núcleo Bandeirante.

Em 80 dias: » Abrir o terceiro turno de atendimento no Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde serão tratados 100% dos pacientes de câncer do DF.

Outras medidas: » Nomear aprovados em concurso que estejam no cadastro de reserva.

» Construir local para abrigar o acelerador linear doado ao HUB pelo Hospital Albert Einstein.

» Ampliar o pronto-socorro e a UTI do Hospital Regional de Ceilândia.

» Construir duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Ceilândia, nos próximos 100 dias.

» Construir um bloco para ambulatórios no Hospital Regional de Sobradinho.

» Em diferentes unidades hospitalares, construir um total de 40 leitos de UTIs neonatal, infantil e adulta.

» Construir mais um hospital no Gama em dois anos e meio.

» Construir outras 10 UPAs até o fim deste ano.