Título: BB usa imóveis próprios para lançar fundo de investimento de R$ 123 mi
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2005, Finanças, p. C2

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu sinal verde e, amanhã, o Banco do Brasil irá lançar o seu primeiro fundo de investimento imobiliário. O valor total da oferta ao público será de R$ 123 milhões, e o patrimônio líquido do fundo será formado por dois imóveis ocupados pelo banco, um no Rio de Janeiro e outro em Brasília. O fundo de investimento imobiliários é um produto financeiro relativamente novo no Brasil. O fundo do BB terá o objetivo, exclusivamente, de adquirir e administrar bens imóveis destinados à locação pelo próprio banco. Edifícios que hoje são de propriedade do BB - e são ocupados em suas atividades - serão vendidos para o fundo. O banco continuará a ocupar os imóveis e passará a pagar aluguel para o fundo de investimento. O rendimento, descontada a taxa de administração e provisões, irá mensalmente para os cotistas. O contrato de locação tem prazo de vigência de dez anos e pode ser renovado. Para o banco, a principal vantagem é a desmobilização de seus ativos. O Banco Central fixa um índice máximo de imobilização, que deve equivaler ao máximo de 50% do patrimônio líquido ajustado. O BB estava, em setembro passado, em posição bastante confortável nesse indicador: seu índice de imobilização era de 20,05%. Mas, para instituições financeiras, é sempre desejável o menor índice de imobilização possível, o que amplia a liquidez dos ativos - e reduz os riscos de flutuação de preços. O primeiro fundo de investimento imobiliário que se tem notícia no Brasil foi lançado, em novembro de 2002, pela Caixa Econômica Federal, justamente para se adequar ao índice de imobilização estabelecido pelo CMN. No caso, o patrimônio do fundo foi formado pelo tradicional edifício Almirante Centro, no Rio de Janeiro. A operação foi bem-sucedida, com a colocação das cotas em 75 dias. Na formação do seu fundo - que foi batizado como BB Fundo de Investimento Imobiliário (FII) Progressivo -, o Banco do Brasil selecionou dois prédios que são emblemáticos para a instituição. Um é chamado Edifício Sede I, localizado no Setor Bancário Sul de Brasília, a poucos metros do prédio que abriga a diretoria colegiada do banco; o outro é o centro administrativo do Rio de Janeiro, composto por nove blocos, que fica no bairro do Andaraí. O BB sinaliza que esse é o primeiro produto do banco nesse mercado. Em tese, todos os imóveis próprios ocupados pelo banco podem ser utilizados na formação de outros fundos - incluindo as agências. A administração do fundo será feita pela Caixa, que cobrará uma taxa de administração de 5,1% ao mês sobre o total das receitas. Não haverá comunicação entre o patrimônio da administradora e o do fundo de investimento. Quem investir irá receber, proporcionalmente às cotas, 95% das receitas. Serão oferecidas 123,5 mil cotas, com preço unitário de R$ 1 mil. Pessoas físicas e jurídicas, clientes do BB, podem comprar um mínimo de 5 e um máximo de 6.500 cotas, nas agências ou pela internet. A oferta de cotas será controlada em tempo real, com preferência para os primeiros que comprarem. Ficará aberta enquanto não forem totalmente vendidas, até o prazo limite de 10 de julho.