Título: Fundos de pensão ainda não têm cota alavancada
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2007, Finanças, p. C3

O presidente da Previ, Sérgio Rosa: a fundação prefere investir em fundos de private equity e venture capital Apesar de as fundações poderem investir em fundos multimercado que realizam algum tipo de alavancagem, um problema na forma como foi redigida a última resolução do Conselho Monetário Nacional (Resolução 3456), que dispõem sobre a aplicação dos recursos garantidores dos planos de benefícios, impede esses investimentos.

O CMN autorizou a alocação de até 3% dos ativos das fundações em fundos multimercado que realizem operações mais arriscadas, como day-trade ou alavancagem, mas exige que a taxa de performance cobrada por esses fundos seja vinculada a índices de renda variável.

O artigo 47 da Resolução diz que "os índices de referência admitidos para as carteiras de renda variável são o Ibovespa, o IBrX, o IBrX-50, o FGV-100, o IGC, o ITAG, o ISE ou outros índices aprovados por decisão conjunta da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) do Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários".

Quase todos os fundos multimercado, no entanto, têm a taxa de performance atrelada a um percentual do CDI, impedindo assim a alocação dos recursos em cotas desses fundos.

A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) deve enviar pedido para a SPC nos próximos dias, disse o presidente da Associação, Fernando Pimentel. "Não adianta flexibilizar e ao mesmo tempo amarrar."

Segundo ele, a entidade mantém bom relacionamento com a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) e alguns pontos de discordância sempre são resolvidos. "Vamos fazer algumas sugestões à comissão técnica para o aprimoramento da Resolução 3456", diz Pimentel.

Alguns fundos têm interesse nesses ativos, dizem especialistas do mercado, mas outros não. A Previ, por exemplo, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e o maior do país, não tem interesse, disse o presidente da entidade, Sério Rosa. "O fundo tem uma estratégia de gestão própria com uma diversificação bastante grande".

Ele diz ainda que a Previ prefere atuar em mercados de maior risco com uma visão de mais longo prazo. Um exemplo disso é o programa de R$ 300 milhões em investimentos em fundos de private equity e venture capital (que investem em empresas de pequeno porte para retornos em cerca de cinco anos). A Previ tem mais de 60% dos ativos alocados em renda variável, acima do limite permitido de 50%. O total administrado é de R$ 116,9 bilhões.