Título: A força da "madrasta"
Autor: Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2011, Política, p. 4

A ministra Miriam Belchior, braço direito da "mãe do PAC", se consolida como uma das mais frequentes parceiras da presidente Dilma no início da gestão

Especial para o Correio Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sob a sua tutela e a missão de gerenciar os gastos previstos no Orçamento Geral da União de 2011, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, aparece neste início de governo como um dos nomes mais próximos e fortes da presidente Dilma Rousseff. Miriam, uma das fundadoras do PT no estado de São Paulo, já se encontrou com a presidente no Planalto pelo menos três vezes em reuniões previstas na agenda oficial. Ela só fica atrás, considerando ministros com gabinetes fora do Planalto, de Guido Mantega (Fazenda), que em quatro oportunidades teve agenda com Dilma.

Ontem, Miriam esteve novamente com a chefe do Executivo para tratar de assuntos diversos. A pauta não foi divulgada pelas assessorias por se tratar de uma ocasião reservada. Mas a expectativa na Esplanada é sobre quando virá o corte de despesas, pois especula-se que o contingenciamento orçamentário em 2011 será o maior dos últimos anos. O texto do Orçamento prevê R$ 942 milhões para pagamento de pessoal, despesas correntes e investimentos.

Além desse ¿abacaxi¿, que tende a desgastar a relação da ministra com os demais companheiros da Esplanada, Miriam é a responsável por gerenciar a segunda etapa do PAC, que tem um orçamento de mais de R$ 1,5 trilhão. A petista ainda terá como missão coordenar a área de infraestrutura do governo, que envolve diversos ministérios. Ela também foi escolhida por Dilma para ser a chefe da área.

Na avaliação de membros do governo, é natural que ela tenha papel de destaque, pois é vista como boa gestora de recursos, com mestrado em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas, e com bom trânsito entre os políticos em Brasília. Quem concorre com ela no papel feminino de protagonista é a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, responsável por programas sociais, o principal mote da nova gestão petista.

Santo André O berço político da ¿madrasta¿ do PAC é Santo André, onde assumiu cargos públicos e foi casada com Celso Daniel, ex-prefeito do município morto em 2002. Naquele ano, participou da equipe de transição de Lula e desde então ganhou força, assumindo cargos na administração federal. ¿A Miriam tem legitimidade própria, assim como a Dilma. Por isso deslizou naturalmente para o caminho do ministério. Miriam é unanimidade no PT e sempre esteve unida pelo governo¿, acredita o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que já foi presidente da sigla. Apesar de nunca ter disputado eleição, Miriam é considerada do quadro político do PT e já poderia, segundo fontes do partido, ter sido ministra antes.