Título: ABN Amro opta por mudar varejo para longo prazo
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2005, EU &, p. D1

Os fundos de varejo de renda fixa e DI do ABN Amro Real vão se transformar em carteiras de longo prazo. O objetivo é garantir aos pequenos e médios investidores acesso às alíquotas mais baixas de imposto de renda criadas no ano passado e válidas a partir de janeiro deste ano. Com isso, os prazos médios dos títulos desses fundos terão de superar 365 dias. Como muitos fundos já tinham feito assembléias para se ajustar às mudanças de legislação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em dezembro - as instruções normativas 409 e 411 -, será necessário realizar novas reuniões com os investidores para aprovar a mudança de prazo. As novas assembléias acontecem na semana que vem. Em dezembro, o serviço de atendimento do ABN informava aos clientes que os fundos deveriam ficar no curto prazo, que parecia ser a tendência dominante entre outras instituições. A decisão de alongar os prazos das carteiras foi tomada após a divulgação das regras de tributação pela Receita Federal neste ano, explica Elizabeth Lerner, diretora de Produtos da ABN Amro Asset Management. "Tínhamos de esperar a instrução final da receita", diz. "Em princípio, os fundos eram curto prazo, mas depois que saiu a instrução, decidimos sugerir nas assembléias o alongamento", afirma. O banco segue assim os demais gestores de varejo, que optaram por alongar os prazos dos fundos de investimento. Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal e optaram pelo longo prazo. Apenas o Banco do Brasil decidiu manter os fundos de varejo como curto prazo. A necessidade de optar por longo ou curto prazo vem em função da exigência da Receita, que limita as alíquotas de 17,5% para aplicações de um a dois anos e de 15% para as acima de dois anos aos fundos que tiverem papéis com vencimento acima de um ano. Nos fundos de curto prazo, valem apenas as alíquotas para até seis meses, de 22,5%, e acima de seis meses, de 20%. Portanto, o aplicador que ficar em fundos de longo prazo vai pagar menos imposto de renda se deixar o dinheiro aplicado por mais de um ano. A decisão, porém, não foi fácil, pois alongar os prazos dos papéis significa risco maior para o investidor. Em caso de nervosismo do mercado, os preços dos títulos longos podem cair com uma eventual alta dos juros, e isso provocaria perdas nas cotas. O trauma de 2002, quando esse tipo de perdas levou a uma onda de saques no setor de fundos e acentuou a queda dos papéis e das cotas, ainda está presente na memória dos gestores. Mas como o cenário traçado pelos bancos no médio prazo é de céu de brigadeiro, e com a concorrência optando por assumir o risco, a maioria das instituições decidiu dar a vantagem tributária para o cliente. Segundo Elizabeth, serão criados também fundos de curto prazo com estratégias de gestão semelhantes aos atuais, que estão virando longos. Se o cliente quiser, pode destinar parte dos recursos para essas carteiras, que estarão sujeitas, porém, ao imposto mínimo de 20%. Entre as carteiras de menor valor de aplicação, o FAC Extra DI também virará longo prazo.