Título: Escassez afeta todo o mundo, afirma Rato
Autor: Guha , Krishna
Fonte: Valor Econômico, 09/10/2007, Finanças, p. D1

Rodrigo de Rato,diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que está deixando o cargo, disse que o aperto de crédito vai forçar governos de todas as partes do mundo a realizarem mudanças substanciais em seus planos orçamentários.

Rato afirmou que o aperto de crédito foi uma "crise grave que ainda não terminou e que vai afetar o crescimento da economia mundial. "Os formuIadores de política monetária não deveriam pensar que os problemas continuarão nas mesas dos banqueiros, disse ele. "Os problemas passarão para o setor real e chegará aos orçamentos - isso é uma coisa que continuamos dizendo às pessoas."

Os comentários de Rato foram feitos em entrevista ao "FinanciaI Times", na qual ele pareceu endossar as preocupações européias sobre a desvalorização do dólar; assunto que ameaça ser motivo de discórdia na reunião do Grupo dos Sete e no encontro anual do FMI, . que acontecem este mês.

Rato disse que" o dólar está agora "subvalorizado" em muitas medidas uma avaliação audaciosa e pouco comum. Ele alertou para o excesso de volatilidade. "Não gostaríamos de ver mudanças súbitas", disse ele.

Os ministros das Finanças da zona do euro se reúnem hoje· em Luxemburgo com a intenção de elaborar uma posição comum sobre o dólar antes dos encontros do G7 e FMI. A crise de créditos "não foi uma tempestade em dos. "Todos vão sentir algum irn-

um copo d"água", disse Rato.

A crise não deverá continuar com a mesma intensidade, mas provavelmente vai demorar "alguns meses, provavelmente até o ano que vem ¿até que a liquidez, disponibilidade de crédito e os spreads de risco retomem aos níveis normais, disse ele.

Rato disse que a crise do mercado "terá um impacto sobre o crescimento" e que isso vai forçar os ministros das Finanças a rever suas suposições orçamentárias. Mas segundo ele; muitos parecem relutantes em fazer isso.

Como a crise de crédito teve origem nos mercados financeiros das - economias "mais sofisticadas seu impacto será sentido ¿mais rapidamente" nos Estados Unidos e até certo grau na Europa e Japão, afirmou Rato, "Os EUA vão diminuir o ritmo", disse ele. "O crescimento na Europa parece menos vigoroso do que antes, com o mesmo acontecendo no Japão - mas o Japão deverá continuar mostrando potencial."

Mas ele alertou contra a suposição de que o mundo em desenvolvimento poderá se desatrelar completamente dos Estados Unidos. "Todos vão sentir algum impacto", afirmou ele.

Rato disse que muitos dos grandes mercados emergentes estão crescendo, rapidamente. Mas "até onde eles continuarão mostrando essa força vai depender da duração da retração nos EUA e na Europa" .

Rato disse que os mercados emergentes com grandes déficits em conta corrente serão mais vulneráveis às mudanças na disponibilidade e preço do crédito, do que aqueles com uma "situação mais equilibrada".

Dominique Strauss-Kahn, ex" ministro das Finanças da França, deve assumir o cargo de diretor-gerente do FMI, no lugar de Rato, no fim do mês,