Título: Heringer investe e acelera ritmo de avanço no mercado de fertilizantes
Autor: Lopes , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 09/10/2007, Agronegócios, p. B10

Dalton Carlos Heringer: impulsionada pelos recursos provenientes da abertura de capital, empresa amplia presença Colocado em prática há quase três anos, o plano de expansão da Heringer no mercado brasileiro de fertilizantes ganhou musculatura a partir de uma nova disparada da demanda doméstica pelo insumo, a partir do segundo semestre de 2006, e de um aporte de capital de R$ 203,2 milhões proveniente de sua oferta pública de ações, realizada em abril.

Com o "fôlego extra" derivado do IPO, a empresa também passou a desenvolver seu projeto de nacionalização sem a colaboração do American International Group (AIG). Fundamental para alimentar essa estratégia - a partir de um aporte de capital de US$ 22 milhões no fim de 2004, que lhe rendeu uma participação de 20,6% na Heringer -, o AIG saiu da sociedade, como estava previsto, com a abertura de capital.

Agora, com as próprias pernas, esta companhia brasileira que tem matriz em Vitória (ES) e "QG" em Paulínia (SP) está terminando de construir sua 12ª unidade, em Ourinhos (SP), avança na verticalização de suas operações em Paranaguá (PR) e mira outras oportunidades de investimento fora da região Sudeste do país e sempre em linha com as necessidades de quem, como todo o segmento, depende de insumos importados.

Cauteloso em relação à divulgação dos investimentos em curso, em virtude das exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o presidente Dalton Carlos Heringer - filho do fundador da empresa, Dalton Dias - informa que em Ourinhos os aportes deverão somar cerca de R$ 13 milhões. A unidade, própria, terá capacidade para produzir 200 mil toneladas de adubos por ano, o que elevará a capacidade total da companhia para 3 milhões de toneladas.

De acordo com o executivo, Ourinhos absorveu mais recursos do que as unidades de Rio Brilhante (MS) e Bom Jesus de Goiás (GO), que começaram a operar em maio deste ano. Segundo ele, ambas exigiram aportes mais modestos por serem arrendadas. A fábrica de mistura sul-mato-grossense tem capacidade para aproximadamente 70 mil toneladas anuais, ao passo que a planta goiana é capaz de produzir 110 mil toneladas.

Ao mesmo tempo em que avança em sua nacionalização, Heringer informa que a companhia aprofunda também sua profissionalização. Nesse sentido, o conselho de administração passou a contar com dois conselheiros independentes, sendo um deles Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e expoente do setor.

Como um pouco de sorte não faz mal a ninguém, a expansão da Heringer - que negocia suas ações no Novo Mercado da Bovespa - ganhou força com o bom momento do mercado doméstico de fertilizantes, que deverá bater recorde de vendas em 2007 embalado pelo aumento da demanda por parte de produtores de cana-de-açúcar e grãos.

Prova disso são os expressivos resultados da Heringer no primeiro semestre deste ano. Conforme balanço publicado em agosto, a receita líquida da companhia alcançou R$ 756,4 milhões no intervalo, 79,2% mais que entre janeiro e junho do ano passado (R$ 422 milhões). O lucro líquido ajustado (exclui R$ 7,3 milhões referentes às despesas da oferta pública de ações) chegou a R$ 39,8 milhões, um salto de 874% na comparação.

Outro sinal de que as vendas estão de fato aquecidas no país e que a Heringer, cuja participação de mercado é da ordem de 12%, está está aproveitando a boa fase é o volume comercializado. No segundo trimestre deste ano, as entregas da companhia às duas revendas somaram 608,4 mil toneladas, quase o dobro do total observado entre abril e junho de 2006 (308,3 mil toneladas).