Título: Redução de pobreza não atingirá meta, diz relatório
Autor: Moreira , Ivana
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2007, Brasil, p. A4

No ritmo atual, o Brasil não conseguirá atingir, até 2015, a meta de redução do índice de pobreza com a qual se comprometeu na Cúpula do Milênio, em 2000. Pelo acordo assinado por 189 países membros da ONU, o país deveria chegar a 2015 com apenas 21% da população abaixo da linha de pobreza. A previsão, com base na evolução dos indicadores entre 2000 e 2005, é que 25% da população brasileira, ainda estará vivendo com menos de meio salário mínimo por mês. Em 2005, 30% da população estava nessa situação.

A conclusão está no relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, divulgado ontem em Belo Horizonte. O trabalho foi realizado por cinco universidades - Federal do Rio Grande do Sul, Federal de Pernambuco, Federal do Pará, Universidade de Brasília e PUC de Minas Gerais. Cada uma delas avaliou o nível de cumprimento das oito metas do milênio numa região do país.

"São muitas as disparidades entre as regiões, mas há também imensas disparidades dentro da mesma região", relata o coordenador do trabalho, Márcio Salvato, professor da PUC-MG. Enquanto Minas e Espírito Santo já conseguiram reduzir pela metade seus índices de pobreza, São Paulo continua muito distante da meta. Apenas 17,8% da população paulista está abaixo da linha de pobreza, com renda mensal per capita de menos de meio salário mínimo. No ritmo de desenvolvimento dos últimos cinco anos, o Estado não conseguirá atingir a meta de ter apenas 9,4% da população abaixo dessa faixa.

Mesmo em Estados que já atingiram a meta há fortes desigualdades. Em Minas, por exemplo, a redução da pobreza foi mais acentuada nas regiões industrializadas. Bolsões de miséria, como Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri e o norte de Minas, tiveram melhora pequena nos índices de pobreza e desenvolvimento humano.