Título: ABN AMRO Real vence prêmio Valor Social
Autor: Salgado , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2007, Política, p. A10

Em um cenário de aquecimento econômico, com crescimento do setor produtivo, os investimentos em áreas que, tradicionalmente não são o foco da gestão das empresas, ganham força. As dez empresas vencedoras da sétima edição do Prêmio Valor Social têm ampliado sua atuação nas áreas de responsabilidade social e sustentabilidade. O banco ABN AMRO Real, por exemplo, concorreu em quatro das seis categorias do prêmio, venceu em duas delas e ainda abocanhou o Grande Prêmio na escolha do júri especializado. No total, o Prêmio Valor Social recebeu 180 projetos na edição 2007, que concorreram em sete categorias. O prêmio, criado em 2001, é realizado com o apoio técnico do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e do Instituto Akatu e é uma homenagem às companhias que se destacam pela gestão socialmente responsável.

O ABN AMRO venceu nas categorias "Respeito ao consumidor/cliente/fornecedor" e em "Gestão Sustentável". Com o seu "Fórum de Fornecedores", reuniões realizadas com os parceiros, o banco tem conseguido disseminar seu modelo de gestão, que se baseia na sustentabilidade e na responsabilidade social. Essa última preocupação permeia também outro programa com o qual o banco foi finalista, o Amigo Real. O objetivo é engajar funcionários na construção de uma sociedade mais justa, por meio de apoio a instituições que cuidam de crianças e adolescentes.

Também envolvida com a comunidade, a Celulose Irani seguiu a máxima do provérbio que diz que é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe. O projeto de mobilização dos moradores de uma vila vizinha à fábrica para revitalizar e desenvolver a região foi premiado pelo júri popular na categoria "Relações com a comunidade". Os especialistas escolheram o projeto dos Laboratórios Pfizer, que reduziu a incidência de doenças e melhorou a qualidade de vida de 5,2 mil índios em Pernambuco.

A clínica de psicoterapia Jorge Jaber inspirou-se nos grupos de apoio como os Alcoólicos Anônimos para criar um programa de prevenção e orientação em relação ao uso de drogas. Hoje são realizadas 1,8 mil consultas gratuitas por ano. Esse projeto chamou a atenção tanto do júri popular quanto dos especialistas, que escolheram a Clínica Jorge Jaber como vencedora na categoria "Micro e pequenas empresas". A perspectiva é de ampliar ainda mais o atendimento a pessoas carentes. No setor de internação da clínica existem hoje dois leitos para esse público. "Devemos, em breve, chegar a 12 leitos", conta Eduardo Hoffmann, diretor da clínica.

Em um ano em que o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre aquecimento global preocupou chefes de Estado em todos o países e fez pipocar idéias sobre como reduzir os efeitos do progresso sobre o meio ambiente, duas ações voltadas à redução e destinação de resíduos foram as vencedoras na categoria "Respeito ao meio ambiente". Os especialistas escolherem o programa "Reciclou, Ganhou", tocado pela Coca-Cola desde 1996. Inicialmente a idéia do programa era realizar educação ambiental em escolas públicas e privadas. Com o passar dos anos, o projeto se ampliou e hoje agrega 4,7 mil associados, de escolas a hospitais e cooperativas de catadores de lixo.

"Em um ambiente de crescimento econômico, a reciclagem é fundamental, uma vez que o aumento do consumo de embalagens precisa ser seguido pela expansão da reciclagem dos produtos também. E é isso que temos visto", afirma Rodrigo Caracas, vice-presidente da Coca-Cola.

A Ambev, escolhida pelo júri popular como vencedora dessa mesma categoria, também precisou pensar em um projeto que ajudasse a minimizar o impacto ambiental. A solução não passa apenas pela destinação dos resíduos, mas sim pela redução das perdas do processo produtivo. Quanto menos lixo, melhor. Para isso a empresa investe em pesquisas para identificar alternativas que criem valor para os resíduos em outras atividades. São garrafas quebradas, latas amassadas, bagaço de malte etc, que terão novas aplicações.

Na categoria "Gestão Sustentável" os premiados foram ABN Amro Real (júri de especialistas) e ArcelorMittal Brasil (popular). O banco busca desde 1998 aprofundar os mecanismos de gestão da sustentabilidade e ampliá-los para fora da estrutura da empresa. A Arcelor segue pela mesma linha, promovendo o engajamento dos fornecedores de sua cadeia produtiva na adoção de práticas sócio-ambientais responsáveis. "Os projetos têm efeito multiplicador. Na medida em que somos bem sucedidos em um deles, podemos passar a investir em outros", explica José Armando de Figueiredo Campos, presidente da Arcelor.

O Boticário, por sua vez, estendeu seu projeto de responsabilidade social para o varejo, ramo de atividade no qual essas práticas ainda são incipientes. "Expandimos a cultura da nossa empresa para todos os franqueados, e ajudamos na gestão e na avaliação dessas práticas", conta Marcia Vaz, gerente de responsabilidade social.

A extensão de benefícios como plano de saúde e previdência a casais homossexuais, entre outras ações, fez com que o júri popular escolhesse a Caixa Econômica Federal como vencedora do prêmio "Qualidade do ambiente de trabalho". Os especialistas escolheram o Laboratório Sabin, com seu programa de qualidade de vida.