Título: Brasil quer pressa na rodada da OMC
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2005, Brasil, p. A4

O Brasil vai conclamar os Estados Unidos, União Européia e outros parceiros importantes a acelerar as negociações na Organização Mundial de Comércio (OMC) para obter um resultado "ambicioso" em dezembro na conferência ministerial de Kong Hong, que conduza a conclusão da Rodada de Doha em 2006. A delegação brasileira que participará da reunião de mais de 20 ministros de Comércio em Davos (Suíça), no fim de semana, insistirá na importância de um acordo em Hong Kong sobre as modalidades em agricultura e produtos industriais. Modalidades definem a maneira e os níveis para fazer cortes de tarifas e de subsídios. "Se alcançarmos um acordo sobre as modalidades em dezembro, teremos chegado à essência dos resultados da negociação", diz o embaixador brasileiro na OMC, Luiz Felipe Seixas Corrêa. Para os EUA e a UE, a chave do sucesso de Hong Kong depende em parte de compromissos que países como Brasil e Índia aceitarem assumir para abrir seus mercados a produtos industriais e fornecedores de serviços estrangeiros. Em Davos, a delegação brasileira vai reiterar a disposição de "negociar tudo" na rodada da OMC, desde que haja avanço paralelo na área agrícola. Mas o país não sinaliza em quais setores na área industrial poderá fazer concessões. Na negociação de serviços, está marcada para maio uma nova rodada para os países fazerem ofertas adicionais de abertura. Enquanto isso, persiste um pesado silêncio sobre os rumos da Rodada de Doha entre Japão, Suíça, Noruega e outros parceiros especialmente protecionistas na agricultura. A reunião em Davos será curta, o que reduz sua ambição. Os ministros terão duas horas no almoço para um balanço das negociações, e mais três para definir quando vão dar um novo ímpeto político. Até maio, as discussões sobre a Rodada de Doha deverão levar em conta a disputa pela direção-geral da OMC. Nesta quarta-feira, os quatro candidatos - o brasileiro Seixas Correia, o europeu Pascal Lamy, o uruguaio Perez de Castillo e um representante das Ilhas Mauricio - vão se apresentar diante dos 148 países, na OMC, depois com a imprensa e enfim com organizações não-governamentais (ONGs). Seixas Corrêa vai a Davos para encontros com vários ministros para vender sua candidatura. A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também pode ajudar o candidato brasileiro.