Título: Tivit prepara a casa para ir à Bovespa
Autor: Valenti, Graziella ; Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2007, Empresas, p. B2

O setor de tecnologia da informação segue como promessa de crescimento na Bovespa, em número de companhias. O grupo Votorantim está prestes a fazer a sua contribuição para essa expansão levando a Tivit à praça paulista de negociação de ações. Trata-se do primeiro negócio da Votorantim Novos Negócios (VNN) a ganhar porte suficiente para ir à bolsa. Em julho, a companhia estruturou seu conselho de administração e deu a ele poderes para decidir pela emissão de ações no Novo Mercado. Além disso, já preparou o estatuto social às regras do ambiente especial da bolsa. Procurada pela reportagem, a empresa preferiu não comentar o assunto.

A Tivit trilhou o clássico caminho do crescimento por fusões e aquisições antes de se apresentar aos investidores. Em abril, se juntou à Telefutura e no começo de agosto selou a compra da Softway. A previsão de faturamento para este ano está na casa dos R$ 700 milhões, o dobro do valor arrecadado no ano passado. As transações mudaram significativamente o negócio: o quadro de funcionários saltou de cerca de três mil para mais de 25 mil pessoas.

Mais do que isso, as transações fortaleceram o segmento de "contact center" da Tivit, atividade que até pouco tempo era praticamente estranha ao portfólio de serviços da empresa. Com os acordos, assumiu a terceira posição no ranking desse serviço, perdendo apenas para Atento e Contax em número de funcionários. Estudos apontam que o mercado de call center deverá crescer a taxas de 40% entre 2007 e 2008 na América Latina. O Brasil tem aproximadamente 600 mil posições de atendimento em atividade e movimenta quase US$ 8 bilhões por ano com o setor.

Nascida em 2005, da fusão entre a Proceda e a Optiglobe, a companhia sempre esteve mais inclinada às atividades de desenvolvimento de software e prestação de serviços, como armazenamento de dados e gestão de operações críticas de informática. Além da VNN, com 72% do negócio, o banco de investimentos Pátria e os antigos fundadores da Telefutura também são acionistas, desde abril, com fatias de 12,4% e 15,5%, respectivamente. Na época da união, os executivos admitiam a possibilidade de levar a empresa à Bovespa. A operação poderá trazer mais dinheiro ao caixa da operação e, com isso, promover novas aquisições.

A onda de ofertas públicas inicias de ações, que começou em 2004, já trouxe à Bovespa empresas como Totvs e Datasul, na área de serviços de tecnologia; UOL, no ramo ligado à internet, além das fabricantes de equipamentos como Bematech e Positivo Informática. Antes destas, existiam apenas a Ideiasnet, incubadora listada em 2000, no auge da bolha da nova economia, e a Itautec, do mesmo grupo que o banco Itaú.

O valor total de mercado do setor, somadas as empresas novatas e as já existentes, totaliza pouco menos de R$ 10 bilhões. A bolsa mostrou-se uma oportunidade de financiamento para o setor, em geral com empresas de médio porte. Juntas, as estreantes levantaram R$ 1,1 bilhão para investir na atividade ou fazer aquisições. O dinheiro captado vem permitindo a consolidação dos negócios.

A maior captação com novas ações (emissão primária) do setor foi feita pela Totvs, que conseguiu R$ 345 milhões no começo do ano passado. Holding que abriga a Microsiga, o grupo liderado por Laércio Cosentino foi um dos primeiros a anunciar planos de ir ao Novo Mercado, antes mesmo da estreante CCR, em 2002. O maior IPO do setor foi do portal UOL, que somou R$ 625 milhões, contando a venda de ações dos acionistas (oferta secundária), no fim de 2005.

A CPM, pertencente ao Banco Bradesco e ao Deutsche Bank, também tentou ir ao mercado. Entretanto, optou por fundir-se com a Braxis e melhorar sua situação financeira antes de apresentar novos projetos aos investidores. Quando solicitou registro de companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), antes da transação com a Braxis, apresentava patrimônio líquido negativo. Há outras empresas de tecnologia da informação na fila da abertura de capital. A Stefanini e a Politec também já admitiram o plano de listar ações.

Dentre as companhias que emitiram ações, apenas a Positivo Informática conseguiu desempenho superior ao do Índice Bovespa, no acumulado deste ano. Enquanto os papéis tiveram valorização de 81,5% , o indicador da bolsa local subiu pouco menos de 43%.