Título: CSN refaz desenho dos projetos de expansão
Autor: Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 20/09/2007, Empresas, p. B6

O atual programa de expansão da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), com investimentos de US$ 6 bilhões, será redimensionado. Benjamim Steinbruch, principal acionista e presidente executivo e do conselho da empresa, vai formatar os atuais dois projetos - um em Itaguaí (RJ) e outro ao lado da mina de ferro Casa de Pedra, em Congonhas (MG) - em seis unidades modulares de 1,5 milhão de toneladas cada uma.

Segundo apurou o Valor, uma das unidades ficará em Volta Redonda (RJ), onde se encontra a atual usina da empresa e onde há infra-estrutura disponível que barateia o projeto. Nos próximos dias já haverá uma audiência pública da empresa com o órgão ambiental do Estado do Rio, a Feema, com vistas à obtenção das licenças ambientais de instalação de um novo alto-forno e do equipamento de fabricação das placas de aço no local. A avaliação é que faz todo o sentido para a CSN a ampliação de Volta Redonda, opção já analisada várias vezes pela empresa.

Itaguaí, onde a empresa tem um terminal portuário na baía de Sepetiba para carvão e minério de ferro, ficará com dois módulos de produção de placas, totalizando 3 milhões de toneladas, com produção toda voltada para exportação. Até o momento a CSN vinha tentando uma parceria com a chinesa Baosteel para erguer no local uma usina de 4,5 milhões de toneladas. Os chineses preferiram ir para o Espírito Santo com a Vale do Rio Doce.

Duas outras unidades modulares estão previstas para Congonhas, ao lado da mina Casa de Pedra, no lugar da usina de 4,5 milhões de toneladas que está prevista até agora. Nesse local, a CSN pretende fazer boa parte de aço laminado em chapas finas, chapas grossas e outros produtos, com vistas a atender o crescimento da demanda no mercado brasileiro.

A sexta unidade modular de 1,5 milhão de toneladas está prevista para o Nordeste. Receberá a siderúrgica o Estado que oferecer, além de infra-estrutura (logística e portuária) o melhor pacote de incentivos tributários. O Estado do Ceará surge como um forte candidato, uma vez que Steinbruch tem fortes laços de amizade com o ex-ministro e deputado Ciro Gomes. Pesa outro fator: retomada do projeto que no final dos anos 90 a CSN fez para instalar uma usina ao lado do porto de Pecém. Fez uma joint venture com a americana Nucor, mas a associação não vingou.

Hoje, há em Pecém o projeto da Ceará Steel, também de 1,5 milhão de toneladas de placas, que a Vale e sua sócia Dongkuk está refazendo devido a problema no fornecimento de gás. O novo estudo prevê uma usina de 5 milhões de toneladas, com base em carvão mineral.

A reformatação dos planos da CSN, que está vinculada à lógica de ampliação do mercado interno de aço, mantém a idéia original da expansão de 9 milhões de toneladas sobre a capacidade atual de 5,6 milhões em Volta Redonda. Fica mantida também a estratégia de internacionalização, com produção de semi-acabados no Brasil para acabamento nos Estados Unidos ou Europa, em usinas a serem adquiridas, ou via vendas diretas do aço semi-acabado a clientes locais.

No ano passado e neste, a CSN fez três tentativas de casar suas operações no Brasil com ativos nos mercados de países desenvolvidos. Não teve sucesso. Fez investidas de compra das americanas Wheeling-Pittsburg e Sparrows Point (Mittal Steel) e disputou com os indianos a anglo-holandesa Corus. A empresa não abandonou esse caminho, mas o redefiniu dentro de sua nova estratégia de expansão.

Para Rodrigo Ferraz, analista de siderurgia e mineração do Brascan, a CSN agiu de forma certa nas operações de aquisição, não comprometendo o retorno dos acionistas. Segundo ele, é, ao lado da Vale, por dispor de minério de ferro, a única empresa que tem condições de viabilizar grandes usinas de aço no país - candidata natural a atrair parceiros.