Título: Lula faz reunião para identificar gargalos na América do Sul
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2007, Brasil, p. A7

Decidido a cumprir compromissos e acordos feitos com os governos da América do Sul, que incluem promessas de investimento, obras de infra-estrutura e remoção de barreiras ao comércio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou 13 ministros e todos os embaixadores do Brasil nos países do continente, para uma reunião, hoje, no Palácio do Planalto. O objetivo, segundo Amorim, é identificar os "gargalos" que travam a atuação do Brasil no continente.

Segundo Amorim, uma das prioridades do Ministério de Relações Exteriores será obter da equipe econômica a liberação do dinheiro prometido pelo Brasil para o Focem, o fundo criado no Mercosul para apoiar investimentos e infra-estrutura nos países menores. O Brasil teria de depositar US$ 52 milhões, neste ano, no fundo, mas os ministérios da Fazenda e do Planejamento só autorizaram cerca de US$ 15 milhões, dos quais foi liberada apenas uma parte. A demora em liberar a contribuição desmoraliza as declarações do governo em favor do Mercosul.

Amorim negou que a preocupação de Lula tenha algo a ver com a comentada competição entre o Brasil e a Venezuela de Hugo Chávez pela liderança no continente (o próprio Lula, recentemente, argumentou ser mais difícil no Brasil, por ser "uma democracia", ter a mesma agilidade no cumprimento das promessas que o venezuelano). Os processos políticos dos dois países são diferentes e há procedimentos nos ministérios brasileiros que atrasam os programas voltados aos países vizinhos, porque há prioridade para as ações internas, comentou o ministro, que disse serem "bem-vindas" as ações de Chávez em apoio aos vizinhos.

A aplicação da legislação criada neste ano, que permite a concessão de empréstimos do BNDES a países vizinhos, em condições generosas, é um dos temas da reunião de hoje, segundo anunciou Amorim. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, também estará na reunião, onde deverá ouvir dos embaixadores brasileiros as demandas de países como Argentina, Bolívia e Equador, para ampliação dos investimentos da estatal em prospecção e exploração de hidrocarbonetos.

Amorim citou exemplos de pequenas obras de ligação viária, entre o país e vizinhos como o Uruguai, Guiana e Paraguai, que ficaram paralisadas por mera burocracia. O Itamaraty também quer prioridade para deslocamento de funcionários nas fronteiras, de forma a facilitar trânsito de mercadorias e pessoas na vizinhança.