Título: Teste da Petrobras reforça potencial de exploração em Tupi
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2007, Empresas, p. B8

Novo teste concluído pela Petrobras no campo Tupi, no bloco BM-S-11 da bacia de Santos, confirmaram a potencialidade da área, que pode abrigar o que pode ser o maior campo de petróleo e gás do Brasil. O campo Tupi está a 286 quilômetros da costa sul do Rio de Janeiro. Ontem a estatal informou que voltou a encontrar petróleo leve, com 28 graus na escala do Instituto Americano de Petróleo (API na sigla em inglês) ao concluir a perfuração do segundo poço na área. Ele fica 9,5 quilômetros a sudoeste do primeiro poço. A medida em quilômetros dá uma idéia do tamanho do reservatório, que fica no mar, abaixo de uma camada de sal, chamada área "pré-sal", uma nova fronteira geológica.

A Petrobras ainda está em fase de delimitação de reservas no local e vai furar outro poço a noroeste da primeira descoberta. Mas as estimativas iniciais apontam para reservas entre 1,7 bilhão e mais de 10 bilhões de barris de petróleo. Ao anunciar os primeiros resultados nesse campo, em 2006, a estatal informou que se tratava de "um marco histórico para a exploração", com descoberta de uma nova fronteira exploratória no país.

Como historicamente se recupera entre 30% e 40% das reservas de um campo, é possível imaginar que ali exista petróleo em volumes recuperáveis entre 510 milhões a 3 bilhões de barris de petróleo, o que será um grande salto para as reservas brasileiras. Confirmada a melhor hipótese, as dimensões de Tupi seriam comparáveis ou superiores às dos campos gigantes Roncador e Marlim, os maiores do país.

Oficialmente, a estatal informou apenas que ainda precisa furar mais poços na área para verificar as dimensões e ter características mais detalhadas do reservatório. A Petrobras tem como sócios em Tupi a britânica BG (25%) e a portuguesa Petrogal (10%).

Mônica Araújo, da corretora Ativa, acha que a divulgação desse resultado pela Petrobras antes da 9ª Rodada da ANP, que acontecerá em novembro, vai aumentar a disputa por áreas em volta do BM-S-11. "Agora não tenho dúvidas de que a 9ª Rodada será muito competitiva", afirma a analista.

O preço do petróleo bruto atingiu ontem o recorde de US$ 83,90 o barril em Nova York, depois que os Estados Unidos anunciaram o fechamento da produção no Golfo do México por causa da ameaça de uma tempestade. No final do dia, o barril do WTI fechou a US$ 83,32, alta de US$ 1,39. Já o Brent, negociado em Londres, subiu 61 centavos de dólar, cotado a US$ 79,09.

Mais de 360 mil barris, ou 28% da produção diária de petróleo, deixaram de ser produzidos, segundo informou em um comunicado o Serviço de Administração dos Recursos Minerais dos EUA. Os preços já estavam mais altos diante dos sinais de que o corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, e a desvalorização do dólar irão aumentar a demanda.

"A ameaça de tempestade e a queda do dólar estão aumentando os preços", disse Nauman Barakat, vice-presidente sênior de contratos futuros globais de energia da Macquarie Futures USA, em Nova York. "Veremos pressões ainda maiores sobre os estoques nas estatísticas que serão divulgadas na semana que vem, como resultado das evacuações no Golfo do México."

A Royal Dutch Shell, maior companhia de petróleo da Europa, disse que evacuou mais funcionários das plataformas marítimas no Golfo do México e que iria fechar as restantes ontem, por causa da ameaça de uma tempestade tropical. BP, Chevron e ConocoPhillips estão entre as companhias que evacuaram trabalhadores das plataformas e poços da região.

A oferta de petróleo bruto nos EUA caiu 3,87 milhões de barris na semana encerrada em 14 de setembro, a décima queda em 11 semanas, segundo o Departamento de Energia. A queda deixou os estoques 7,4% maiores que a média de cinco anos para o período, segundo o Departamento.

"O mercado está inflexível", disse Tom Bentz, corretor do BNP Paribas em Nova York. "Os fundamentos não justificam esses preços, mas os preços estão se segurando. Deveremos passar por uma correção, mas ninguém quer dar o primeiro passo."

"O mercado está bastante animado", disse Phil Flynn, corretor sênior da Alaron Trading em Chicago. "Nos últimos 30 dias está havendo uma reavaliação do significado da crise imobiliária residencial para a demanda por petróleo e para os preços. Reagimos de maneira exagerada à queda."

No passado, membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) disseram que o dólar em queda justificava os preços maiores porque os países produtores de petróleo vendem em dólares e sempre compram bens em euros. Na semana passada, a Opep decidiu produzir mais 500 mil barris de petróleo por dia a partir de 1º de novembro, para atender a demanda no quarto trimestre, tradicionalmente maior.