Título: Suplicy sugere depoimento de Ruth Cardoso
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2007, Politica, p. A9

Na primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar repasses de recursos públicos para Organizações não Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), ontem, no Senado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu que Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seja uma das convidadas a falar sobre "experiências positivas" sobre o terceiro setor.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), autor do requerimento propondo a CPI, rapidamente fez uma intervenção para pedir que ficasse registrado o fato de o petista Suplicy ter sido "o primeiro a sugerir a convocação de parentes de presidentes".

Suplicy reafirmou que sua intenção era que Ruth Cardoso, como outras pessoas citadas por ele, desse um "depoimento positivo" sobre seu trabalho à frente dos programas do Comunidade Solidária, cujos programas foram transformados por ela em Oscips.

Na reunião de ontem, o presidente da CPI, Raimundo Colombo (DEM-SC), oficializou a designação do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) como relator. Foi uma vitória do PT, que não aceitava o nome do pemedebista Valter Pereira (MS), candidato à relatoria.

Pereira era considerado independente demais para relatar uma CPI que preocupa o governo e a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), que tem amigos entre os que poderão ser inquiridos pela comissão.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), secretária nacional de Assistência Social no governo FHC, foi eleita vice-presidente da CPI. Já na primeira reunião, senadores da base do governo e das oposições sinalizaram como pretendem conduzir os trabalhos.

Suplicy sugeriu ampliação dos trabalhos da CPI, para que sejam ouvidos não só dirigentes de ONGs acusadas de irregularidades, mas também organizações sérias. Heráclito discordou e propôs que os senadores direcionem seus trabalhos para as ONGs suspeitas de fraudes com dinheiro repassado pelo governo federal.

Inácio Arruda propôs que os primeiros a serem ouvidos fossem dirigentes da Associação Nacional de Organizações Não Governamentais (Abong), que fez críticas à CPI, alegando que o objetivo seria atacar ONGs ligadas a movimentos sociais e à esquerda. Lúcia Vânia discordou. Ponderou que a CPI precisa, primeiro, ter "embasamento jurídico e completo entendimento da abrangência das ONGs e Oscips" antes de ouvir depoimentos. (RU)