Título: Laboratório do RS investe em pesquisa de tecnologias para captura do carbono
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2007, Brasil, p. A5

O Brasil acaba de entrar em uma área da pesquisa científica fundamental para amenizar as mudanças climáticas neste século: a captura e armazenamento de carbono. Foi inaugurado no último dia 16, em Porto Alegre, o Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono (Cepac), primeiro laboratório do gênero no país. Teve investimento inicial de R$ 8 milhões da Petrobras e funcionará no parque tecnológico da PUC-RS.

Cientistas - 20 pesquisadores e 20 bolsistas - vão buscar tecnologias que capturam as emissões de CO2 e o depositam em reservatórios no subsolo. A missão dos cientistas, além de pesquisar essas tecnologias, é mapear as emissões de gases causadores do efeito estufa e identificar locais que possam servir como reservatórios seguros. O centro também formará recursos humanos especializados para trabalhar nessa área, que ainda enfrenta a escassez de profissionais no Brasil.

Segundo geólogos do Cepac, há três tipos de formações naturais propícias a receber gás carbônico: aqüíferos salinos (cuja água é mais salobra do que a do mar), os campos de petróleo exauridos e as reservas de carvão de grandes profundidades, onde a extração é inviável. O grande desafio, por enquanto, é como capturar e armazenar o CO2 de forma eficaz e sem custos astronômicos. As empresas petrolíferas têm interesse especial nesse tipo de pesquisa, porque a injeção de carbono pode maximizar a produção de campos mais velhos, esgotados e menos produtivos. Trata-se de uma área em que os países ricos, com consumo maior de petróleo do que o Brasil e cuja geração de energia tem como fonte principal o carvão, começam a atuar pesadamente, na esperança de atenuar as mudanças climáticas sem grandes perdas no crescimento econômico.

A idéia do Cepac é ter, em prazo de dois a quatro anos, uma experiência-piloto de seqüestro e armazenamento de carbono no Brasil. Poucos países têm projetos desse tipo. Um deles é a Noruega, onde a empresa estatal de petróleo usa um aqüífero salino no Mar do Norte para guardar no subsolo o carbono retirado do gás natural que extrai dos campos da região.

A PUC-RS e o National Energy Technology Laboratory (NETL), vinculado ao Departamento de Energia dos EUA, firmaram acordo de cooperação para trabalhar no desenvolvimento de tecnologias mais limpas no uso de combustíveis fósseis e produção de gás a partir do carvão com alto teor de cinzas. (DR)