Título: A parceria entre o Brasil e os EUA
Autor: Gutierrez, Por Carlos M.
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2007, Opiniao, p. A15

Os Estados Unidos têm orgulho de ser o maior parceiro comercial do Brasil. O comércio de mercadorias entre nossos países totalizou US$ 45,6 bilhões no ano passado, um aumento de 15% em relação a 2005. Os Estados Unidos e o Brasil compartilham valores comuns baseados em sociedades democráticas multiculturais e multiétnicas e em forte espírito empreendedor. Acreditamos que deveríamos fazer mais negócios entre nós.

Com um produto interno bruto de mais de US$ 1 trilhão, o Brasil é uma das grandes economias do mundo. O Brasil tem um dos mais avançados setores industriais da América Latina, além de contar com um setor de serviços diversificado e sofisticado. O país é importante ator no sistema de comércio mundial. Aplaudimos o presidente Lula pelas reformas econômicas e de mercado.

No entanto, em termos per capita, o comércio de mercadorias entre os Estados Unidos, a República Dominicana e os países da América Central, além do Chile, é significativamente maior. O que pode surpreender ainda mais é o fato de os Estados Unidos comercializarem mais produtos per capita com a Colômbia e o Peru do que com o Brasil.

Empresas fazendo negócios freqüentemente enfrentam altas tarifas, um sistema alfandegário difícil, uma carga tributária pesada e imprevisível, e um sistema legal sobrecarregado que é lento ao garantir o que determina a legislação empresarial. Nós ouvimos falar repetidas vezes no "Custo Brasil".

Durante o Fórum de Altos Executivos de Empresas Brasil-EUA, lançado em Brasília esta semana, contemplaremos formas de trabalho conjunto, a fim de abrir caminho para mais comércio bilateral e investimentos. Composto por líderes empresariais de ambos os países, o fórum abre espaço importante para o setor privado discutir formas de aumentar o comércio e os investimentos.

No ano passado, pela primeira vez, os investimentos brasileiros no exterior foram superiores aos realizados no Brasil por empresas estrangeiras - US$ 28 bilhões em comparação com US$ 19 bilhões.

Isso reflete a confiança das empresas brasileiras em competir no mercado externo e se internacionalizar. Também mostra o novo papel do Brasil como líder econômico e importante ator no comércio e nos investimentos internacionais.

Precisamos estabelecer uma estrutura capaz de permitir que as empresas dos Estados Unidos e do Brasil possam crescer, competir e prosperar.

-------------------------------------------------------------------------------- Bush está comprometido com o sucesso da Rodada Doha para abrir mercados e impulsionar novos fluxos comerciais, e esse é um momento crucial --------------------------------------------------------------------------------

Estados Unidos e Brasil também procuram cooperar para melhorar a competitividade por meio de inovações. A inovação exige a proteção dos direitos de propriedade intelectual e a desarticulação da cadeia internacional de fornecimento de produtos piratas.

Também precisamos abrir nossas economias ainda mais para que as empresas possam aumentar seus investimentos, criar empregos e impulsionar o crescimento. As nações em desenvolvimento que reduziram significativamente as tarifas nos anos 1990 viram sua renda per capita aumentar cerca de três vezes mais rápido do que a de outros países em desenvolvimento.

O presidente Bush está comprometido com o sucesso da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio para abrir mercados e impulsionar novos fluxos comerciais. Essas negociações estão em momento crucial. Os interesses em jogo não poderiam ser maiores, em especial para o Brasil, que tem muito a ganhar com um ambicioso acordo da Rodada de Doha que crie novas possibilidades de mercado global nos setores agrícola, industrial e de serviços.

A menos que a maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento expresse agora publicamente sua boa vontade em negociar com base nos textos postos em discussão em Genebra, corremos o risco de perder um acordo potencial. Os Estados Unidos já declararam a intenção de negociar com base nos textos - inclusive com relação aos próprios subsídios agrícolas internos, questão fundamental para o Brasil. É hora de o Brasil assumir o mesmo compromisso e usar sua grande influência para convencer outros países em desenvolvimento avançado a fazer o mesmo.

O êxito na finalização de um acordo de Doha é a maior oportunidade que temos para impulsionar o crescimento global e retirar milhões de pessoas da pobreza. Seria uma pena se deixássemos passar essa oportunidade.

Nosso ideal para o Hemisfério Ocidental é de crescimento e prosperidade, com oportunidades iguais de sucesso para todos.

Como parceiros, os Estados Unidos e o Brasil podem exercer liderança firme e positiva em toda a região.

Com sua posição respeitada internacionalmente e seu papel de destaque na América do Sul, o Brasil lidera a criação de uma plataforma competitiva para as Américas.

Carlos M. Gutierrez é secretário de Comércio dos EUA,