Título: Consumo sobe mas desemprego e anafalbetismo são altos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2007, Empresas, p. B6

A renda da população da Zona Leste da cidade de São Paulo cresce, independente da classe social. Mas a desigualdade social persiste.

Nos bairros de São Miguel, Itaim Paulista, Guaianazes e Cidade Tiradentes, a taxa de desemprego da população de 15 anos ou mais chega a 26,5% - é 8% na Mooca, índice semelhante ao dos bairros mais ricos da capital. O número de analfabetos em Guaianazes, perto de 10%, é o dobro do bairro vizinho, Itaquera. Enquanto até 12,5% da população do Iguatemi, vizinho a Cidade Tiradentes, vive sem energia elétrica, menos de 1% dos moradores do Tatuapé se encontram na mesma situação.

"É bem típico de São Paulo casos em que um empreendedor 'dá certo' e aumenta rapidamente a sua distância em relação aos mais pobres, contribuindo para reforçar a disparidade social", diz Juarez Mota, coordenador de informações da Secretaria do Trabalho da capital paulista. Mota, um dos coordenadores do Atlas Municipal do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo, lançado em setembro, diz que esta situação está sendo freqüente na Zona Leste. "O poder público precisa intervir para diminuir a disparidade social e incentivar um crescimento mais homogêneo", diz ele. A região vai receber três das próximas cinco unidades do programa São Paulo Confia, de apoio a pequenos empreendedores.

A parte leste da cidade também quer atrair grandes negócios, aproveitando as melhorias nas vias de acesso, como a ampliação do complexo viário Jacu-Pêssego e a criação do corredor de transporte público Expresso Tiradentes (antigo "Fura-Fila"). Um projeto de lei assinado no final de outubro pelo prefeito Gilberto Kassab aumenta o programa de incentivos da Lei 13.833, de 2004, oferecendo às empresas que se instalarem na Zona Leste benefícios antes concedidos apenas a quem já estava domiciliado na cidade. Entre as vantagens, está a redução de 50% do IPTU e de 60% do ISS por 10 anos.

Mas há muitas empresas que já se adiantaram ao convite. A fabricante de cosméticos Vita Derm, por exemplo, tem na Zona Leste nove das suas 28 lojas na capital. A região representa 36% das vendas, graças aos mais de 6 mil salões de beleza e estética que fazem parte da clientela. "A Zona Leste sempre foi um grande mercado e eu não me refiro à região mais abastada", diz o fundador Marcelo Schulman, que acaba de inaugurar unidades na Vila Carrão e na Vila Formosa.

O HSBC está de olho no público de maior poder aquisitivo da Zona Leste, onde estão 21 das 100 agências da capital. Há três meses, o grupo abriu uma unidade no Anália Franco, bairro nobre que pertence ao Tatuapé. Segundo Ernesto Fernandes, diretor regional do HSBC, em julho, os segmentos premier (renda mensal acima de R$ 5 mil e com R$ 50 mil para investir) e os clientes gold (com renda mensal entre R$ 2 mil e R$ 5 mil) cresceram 49%, em comparação ao mesmo período de 2006. (DM e TB)