Título: Mais três empresas anunciam intenção de operar no Brasil
Autor: Silva Junior , Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2007, Finanças, p. C6

Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência, que fez apresentação em seminário em Boston Na reta final para a abertura do mercado brasileiro de resseguros e em meio as críticas para as novas regras do setor, classificadas como protecionistas, mais três grandes resseguradoras mundiais anunciam a intenção de operar no pais, o maior mercado de resseguros da America Latina e um dos últimos do mundo com monopólio no setor. Reinsurance Group of America (RGA), Paris Re e a Tempest Re, do grupo americano Ace, se preparam para desembarcar no país em breve e se juntam a outras, como a Catlin Re e a Partner Re, que já haviam anunciado operações no Brasil.

A RGA é a terceira maior do mundo no segmento de vida e saúde. Elsa Gonzalez, diretora regional da empresa para a America Latina, afirma que a RGA pretende se instalar no Brasil já em 2008, mas ainda não sabe como será a operação. "Estamos esperando a regulação definitiva", diz ela, que prevê inúmeras viagens ao país nos próximos meses para definir os rumos da operação.

Pelo que viu das regras propostas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para o setor, a executiva diz que achou as medidas protecionistas e com alguns "pontos obscuros". O principal deles são os US$ 5 milhões de depósitos no pais que serão necessários para companhias com sede no exterior e escritório no Brasil (o ressegurador admitido). "Esse dinheiro terá que ficar parado no Brasil?" pergunta. A ideia da Susep é incentivar o ressegurador local, aquele que constitui uma empresa no Brasil e será concorrente direto do IRB Brasil Re.

A RGA opera em 18 países da Asia, Europa e tem sede nos Estados Unidos. "Nossa ida ao Brasil faz parte da estratégia de termos atuação global" ressalta a executiva. A RGA tem ativos de US$ 19 bilhões e receita anual de US$ 5 bilhões. Os ativos ressegurados no segmento de vida ultrapassam US$ 2 trilhões. Elsa afirma que vê um grande movimento de resseguradoras concorrentes da RGA se preparando para virem ao Brasil. "O potencial do mercado e enorme. Esta todo mundo de olho" afirma. "Você já ouviu alguma resseguradora dizendo que não quer operar no Brasil?" pergunta.

Outra gigante que já definiu atuação no país é a Tempest Re, do grupo americano Ace. A empresa também espera uma melhor definição das regras e também afirma que as medidas propostas pela Susep são protecionistas. "Liberdade de mercado é sempre melhor para o desenvolvimento do setor, incluindo o IRB", afirma Jorge Luis Cazar, presidente e CEO da Ace para a América Latina. Em princípio, a Tempest irá para o Brasil para apoiar os negócios da Ace, um dos maiores no segmento de transporte de cargas e conhecido por segurar vários postos de gasolina e shows internacionais. O grupo Ace teve prêmios mundiais de US$ 17 bilhões em 2006. Na America Latina ganhou US$ 180 milhões no primeiro trimestre, 4% dos prêmios mundiais.

Já a Paris Re quer atuar no Brasil principalmente no segmento de vida e previdencia. A idéia é esperar primeiro como o mercado reage às novas regras, para depois iniciar operações no país, destacam Jim Anderson e Froylan Puentes, dois diretores da resseguradora. A empresa tem escritório em vários cidades do planeta, incluindo Mônaco, Montreal e Cingapura. Este ano, ate junho, teve receitas totais de US$ 1,1 bilhão.

As regras da Susep para o mercado de resseguros estão em audiência pública até o dia 16. A idéia é redigir a lei definitiva em dezembro. Com isso, a partir de janeiro o mercado já estaria aberto e com regulamentação própria. Os especialistas esperam recorde de sugestões do mercado. Ate o Lloyds of London, maior comunidade de seguros e resseguros do mundo, já se manifestou contra o depósito de US$ 5 milhões e diz que vai participar da audiência publica.

O Brasil foi destaque na semana passada em um seminário promovido em Boston pela Limra International, um entidade mundial dedicada a pesquisa e consultoria no mercado de seguros. Além das seguradoras, o evento reuniu alguns resseguradores, ávidos por informações sobre o processo de abertura do setor no Brasil. O evento foi encerrado com uma apresentação da Bradesco Vida e Previdência. Marco Antonio Rossi, presidente da companhia, impressionou os presentes com os números gigantescos da empresa, com ativos de US$ 28 bilhões e dona de 42% do mercado.