Título: Minas Gerais e o polo petroquímico
Autor: Kardec, Alan
Fonte: Correio Braziliense, 20/01/2011, Opinião, p. 25

Secretário de Finanças, Planejamento e Gestão da Prefeitura de Betim

A indústria de petróleo é, em todo o mundo, uma das principais locomotivas do desenvolvimento sustentável por conciliar a geração de emprego e renda com a tecnologia capaz de alavancar conquistas sociais fundamentais para a humanidade. Em Minas Gerais, esse segmento é liderado pela Refinaria Gabriel Passos (Regap), instalada em Betim, mas que atualmente produz apenas 50% do diesel e 40% da gasolina necessários para suprir o mercado do estado.

Infelizmente, ao longo dos anos, Minas Gerais tem sido preterida em favor de outros estados, em especial São Paulo e Rio de Janeiro, no que diz respeito ao aumento da capacidade de refino, causando forte desequilíbrio na equação produção x consumo de derivados de petróleo no estado, com reflexos negativos para o nosso desenvolvimento econômico e social.

Primeiro foi a construção do poliduto Osbra, ligando a Refinaria de Paulínia (SP) ao Centro-Oeste, com o objetivo de transportar gasolina, diesel e GLP para aquela importante fronteira agrícola. Estudos iniciais previam interligação da Regap (MG) com aquele poliduto, mas, infelizmente, a interligação não foi efetivada, o que não só retirou da refinaria mineira a possibilidade de atender parte daquele mercado como, também, o Triângulo Mineiro passou a ser atendido por São Paulo.

Outro fato que pode ampliar o desequilíbrio é a possibilidade de Minas Gerais se tornar destino de derivados de petróleo que vierem a ser produzidos pelo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O resultado de tudo isso é que a Regap continuará a ser estrangulada e, consequentemente, estagnada. Em defesa dos interesses de Minas, a prefeita de Betim, Maria do Carmo Lara, levou oficialmente à diretoria de Abastecimento da Petrobras, em agosto do ano passado, um apelo para que o estado seja confirmado como foco dos investimentos da estatal, incluindo o Polo Petroquímico.

Isso porque, em março de 2005, o então governador Aécio Neves assinara com a Petrobras, presidida na época por José Eduardo Dutra, o Protocolo de Intenções para a implantação do Polo Petroquímico para a produção de ácido acrílico, matéria-prima utilizada na fabricação de várias resinas. A unidade seria instalada em Ibirité, na divisa com Betim, onde está a Regap. Apesar da resposta da Petrobras à prefeita de Betim, ainda no ano passado, deixar claro que continuavam as tratativas para viabilizar o Protocolo assinado em 2005, agora é ventilada, pela imprensa, a possibilidade de sua transferência para a Bahia.

Está na hora, então, de as lideranças mineiras somarem esforços para garantir o que foi comprometido com o Estado. Não podemos continuar assistindo à exclusão de Minas do crescimento da indústria do petróleo no Brasil, principalmente quando Deus deu ao Brasil a grande reserva conhecida como pré-sal. O preço a pagar, que já é alto, será muito maior no futuro. O Polo Petroquímico tem importante efeito multiplicador para atração de outras empresas para a produção de produtos de segunda geração, com a consequente geração de emprego e renda da qual Minas Gerais não pode abrir mão.