Título: Laureate reage ao avanço das rivais com parcerias no Nordeste
Autor: Mandl , Carolina
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2007, Empresas, p. B1

Anteontem, centenas de alunos se reuniram na quadra poliesportiva de uma faculdade em Jaboatão dos Guararapes, município da região metropolitana do Recife, para discutir intercâmbios com a Suíça e diplomas internacionais. Eles tinham acabado de receber a notícia de que a escola onde estudam, a Faculdade Guararapes, estava passando a fazer parte de uma rede mundial de ensino superior com mais de 270 mil alunos, a Laureate.

À frente da discussão estava Manoel Pereira dos Santos, reitor da Universidade Potiguar (UNP), outra instituição que passou a integrar a Laureate. Ele explicava qual a vantagem que a associação poderia trazer aos 2.100 alunos da Faculdade Guararapes. Na semana passada, ele já havia dado a mesma explicação para os 25 mil estudantes do Rio Grande do Norte.

A chegada da Laureate aos Estados nordestinos, entretanto, mostra apenas parte do interesse da rede pelo Brasil. Depois de adquirir 51% da paulistana Anhembi Morumbi em 2005 e assistir neste ano a diversas concorrentes comprarem escolas e abrirem o capital em bolsa, como Anhangüera Educacional e Estácio, a Laureate reage.

"Queremos montar uma rede de escolas de ensino superior no Brasil", afirma Dante Iacovone, presidente da Laureate para o país. O executivo, que por muitos anos foi do setor de telecomunicações com passagem por Gradiente e Motorola, foi chamado pela Laureate para comandar as aquisições no país.

Por enquanto, Faculdade Guararapes e Universidade Potiguar são apenas parceiras da rede internacional. "É um primeiro passo para a compra", explica Iacovone. Ambas pertencem a Paulo Vasconcelos de Paula, que também é dono da Faculdade Potiguar da Paraíba, em João Pessoa. Futuramente essa escola também pode passar a fazer parte do grupo estrangeiro.

O executivo não informa o quanto a Laureate está disposta a investir. Mas o Valor apurou com pessoas do setor de ensino que a rede já está em negociações avançadas com escolas no Maranhão, no Rio e em São Paulo. Com isso, a Laureate passaria dos atuais 50 mil estudantes da Anhembi, UNP e Faculdade Guararapes para cerca de 100 mil.

As próprias unidades adquiridas também irão crescer com a criação de novos cursos. Na Anhembi Morumbi, por exemplo, acabou de ser lançado o curso de medicina. De acordo com Santos, da UNP, só na Faculdade Guararapes estão sendo criadas 11 graduações. Com novos cursos, a idéia é transformar a Faculdade Guararapes em um centro universitário e posteriormente em universidade.

De acordo com Iacovone, o objetivo da Laureate é se unir a escolas que atendam à classe média, que seja capaz de pagar uma mensalidade em torno de R$ 700. Essa é a estratégia usada no mundo inteiro.

Apesar de a Laureate querer formar uma rede brasileira de faculdades, Iacovone afirma que as escolas manterão suas marcas atuais. Os currículos podem sofrer algumas alterações, mas devem manter características regionais também. O grande atrativo para os alunos, segundo ele, é a possibilidade de intercâmbio com outras universidades do grupo pelo mesmo preço da mensalidade brasileira, além da introdução de novas tecnologias de ensino.

Um modelo de negócios que já vem sendo estudado é a possibilidade de lançar papéis em bolsa. Essa seria uma forma que remunerar algumas das atuais aquisições. Mas no exterior a estratégia da Laureate foi contrária. Ela acabou de concluir seu fechamento de capital na Nasdaq. Isso porque um grupo de executivos do próprio grupo resolveu comprar as ações em circulação.