Título: Petrobras deverá instalar 10 plataformas na reserva
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2007, Empresas, p. B6

O desenvolvimento do campo petrolífero de Tupy vai exigir da Petrobras um grande investimento. Para extrair petróleo desta nova descoberta, cujos volumes ainda terão de ser confirmados, a Petrobras terá que gastar no mínimo US$ 30 bilhões com os módulos de produção, incluindo plataformas, dutos e perfuração de poços, conforme avaliação preliminar de Giuseppe Bacoccolli, pesquisador da Coppe/UFRJ.

O pesquisador tomou como base de comparação para essa avaliação o campo de Marlim, na Bacia de Campos. Marlim era considerado até quinta-feira o maior campo petrolífero do Brasil, com produção de 500 mil barris por dia de óleo cru, operando com cinco plataformas. Bacoccolli estima que o campo de Tupy, com base em volumes recuperáveis estimados entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de óleo e gás, deverá atingir no seu pico de produção, depois de 2013-2014, cerca de 1 milhão de barris ao dia, operando com 10 plataformas de produção.

Cada um desses módulos deverá custar, no mínimo, US$ 3 bilhões, segundo o pesquisador. Cada plataforma submersível encomendada não deverá sair por menos de US$ 1 bilhão. Em média, cada plataforma deverá operar com 10 poços com custo unitário, por poço, na faixa de US$ 100 milhões. "O campo de Tupy tem uma profundidade recorde nos trabalhos de perfuração da Petrobras. Ele tem dois quilômetros de água do mar, seguidos por mais dois quilômetros de sedimentos e mais dois quilômetros de sal e finalmente o reservatório petrolífero, a seis mil metros de profundidade", disse o pesquisador.

As linhas, ou seja, os dutos que vão conectar as plataformas e as cabeças dos poços também vão custar pelo menos US$ 1 bilhão, avalia. No seu entender, os custos de perfuração de poços são elevados nas áreas de pré-sal, uma espécie de um "segundo subsolo" dos campos petrolíferos, como é o caso de Tupy. Os três itens de maiores custos do sistema de produção de um campo petrolífero deste tipo são as plataformas submersíveis, as linhas ou dutos que conectam as plataformas às cabeças dos poços e o processo de perfuração.

A Petrobras, segundo ele, já conhece a tecnologia de perfurar camadas de sal, adotada em áreas semelhantes no Golfo do México, em Angola, e no Mar do Norte. Bacoccolli acredita que o campo de Tupy tem condições de produzir 100 mil barris dia de óleo cru em duas plataformas nos próximos três anos. O pesquisador da Coppe considera que a Petrobras enfrentará dificuldades para desenvolver o campo de Tupy.

O primeiro problema a ser enfrentado, segundo ele, será o de encomenda das plataformas submersíveis, já que elas estão em falta não apenas no Brasil, mas no resto do mundo, pois a indústria petrolífera está muito aquecida. A segunda dificuldade, a seu ver, de difícil solução, é a questão da mão-de-obra qualificada para trabalhar no setor.

"Quando este governo decidiu construir plataformas no Brasil já não havia mão-de-obra para fazê-las. Não temos soldadores, nem mecânicos e engenheiros. Cada plataforma a ser construída demanda no detalhamento do projeto pelo menos 150 engenheiros". Ele contou que numa reunião do Prominp, programa criado pelo governo para qualificar trabalhadores e fortalecer a indústria fornecedora de bens e serviços, um dos participantes sugeriu que se importasse engenheiros do México. A sugestão foi rejeitada. No ano passado, havia no país um déficit de dois mil soldadores especializados na área de petróleo.