Título: Licitação da BR 116 e BR 324 anima as transportadoras
Autor: Manechini, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2007, Empresas, p. B7

Empresas de transporte de cargas e passageiros atuantes nos próximos trechos rodoviários federais a serem licitados comemoram a perspectiva de melhorias em duas das principais estradas do Estado da Bahia. Boa parte do entusiasmo acontece pela possibilidade de ganhos de até 30% na produtividade - medida nas transportadoras de passageiros e cargas na relação tempo/distância. A situação da BR 324 e BR 116 no Estado não é considerada alarmante, mas a ausência de acostamento e sinalização faz com que as empresas tenham cuidados especiais na região.

A perspectiva é de que o edital de licitação para os dois trechos seja publicado até o final deste ano. No total, serão 637,4 quilômetros de estradas repassados para a iniciativa privada. Recentemente, segundo as empresas consultadas pela reportagem do Valor, o asfalto das duas vias foi recuperado ou remendado. No entanto, não foi o suficiente para tranqüilizar motoristas, empresários e passageiros.

Para Américo Pereira, presidente da Rapidão Cometa, a extensão da BR 116, que liga a divisa de Minas Gerais com a Bahia até o município de Feira de Santana (BA), de onde parte a BR 324 e vai até Salvador, são locais com grande incidência de acidentes e perdas de cargas. "As concessões são desejadas pelo embarcador, transportador e usuários em geral. Se for duplicada (BR 116), ganho 30% ou mais de produtividade", diz. A transportadora, especializada na região Nordeste, transita com cerca de 200 caminhões diariamente nos dois trechos.

"Há muito tempo (os dois trechos) deveriam ter sido tratados de modo especial", afirma o presidente da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC), Geraldo Vianna. Segundo ele, alguns locais remetem "facilmente" ao título de rodovia da morte.

Na opinião de um executivo de uma empresa de transporte de passageiros, que preferiu não se identificar, o trecho da BR 116 já deveria ter sido duplicado e o ideal seria que fosse triplicado. "Não há local para ultrapassagem, anda-se em comboios e quando existe acostamento, ele não tem mais do que 80 centímetros de largura", relata. A opção encontrada pela empresa foi utilizar patrulhas próprias para a manutenção e escolta de seus ônibus nas duas rodovias.

Com a opção de trafegar nas estradas a serem licitadas somente durante o dia, o diretor de operações da Golden Cargo, Sérgio Campos, reforça o coro de que o asfalto não é tão ruim, mas que a falta de sinalização e acostamento prejudica o transporte no Estado. "Foram feitos reparos há pouco tempo, mas está longe do ideal", diz Campos.

A questão dos pedágios foi minimizada após os leilões de terça-feira. Todos os entrevistados disseram preferir pagá-los e ter estradas melhores a continuar convivendo com a insegurança e perda de produtividade no transporte de um dos principais estados do país.