Título: BB prepara inovações para os 200 anos
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2007, Finanças, p. C8

Sergio Zacchi / Valor Antonio Francisco Lima Neto, presidente do Banco do Brasil: compra do ABN AMRO "é um desafio a mais" O Banco do Brasil dá início amanhã às comemorações dos seus 200 anos com o lançamento de um prêmio para as melhores iniciativas de desenvolvimento sustentado. Também começa a oferecer uma série especial de produtos com o selo dos 200 anos. Nesta semana, foi lançado um novo título de capitalização e, em breve, serão comercializados também um novo cartão de crédito e um novo plano de previdência privada.

Amanhã, o BB completa 199 anos. A contagem de tempo inclui algumas interrupções nas atividades. O banco foi criado em 1808, na chegada da família real ao Brasil. Foi liquidado em 1933. Um novo BB, privado, foi fundado em 1951 pelo Barão de Mauá e mais tarde incorporado pelo governo. "São poucas as empresas no mundo que chegam a dois séculos de existência", diz o presidente do BB, Antonio Francisco Lima Neto.

As comemorações começam em um período em que, com a compra do banco ABN AMRO Real pelo Santander, acirra-se a competição no sistema bancário. O contexto é também de maior questionamento sobre o papel do BB como banco público, depois que a instituição começou a exibir lucros mais vistosos e a contribuir na concentração do mercado bancário, com a incorporação de bancos estaduais.

"Quando os juros eram mais altos, ficava claro para a sociedade o papel do banco público, que oferecia taxas mais baixas, graças às linhas com crédito direcionado", reconhece Lima Neto. "Agora, com a queda de juros, a diferença entre as taxas diminui e algumas pessoas questionam a validade de um banco público. Nossa função está em levar desenvolvimento ao país."

O lançamento de um prêmio, chamado "Valores do Brasil", é uma iniciativa para fortalecer a marca do banco, criando uma associação mais forte com políticas de desenvolvimento sustentado. "Percebemos uma janela de oportunidade na comemoração dos 200 anos para associar a nossa marca a algo que de fato fazemos bem", afirma Glauco Cavalcante Lima, diretor da área de estratégia e organização do BB.

A abordagem não é nova entre instituições financeiras. Alguns bancos - cada vez mais questionados por altos lucros - associaram suas marcas a bandeiras como o meio ambiente e responsabilidade social.

Lima Neto não vê, no caso do BB, os altos lucros como um problema, "até porque existe uma cobrança muito forte da sociedade para que o banco apresente desempenho robusto e não volte a impor ônus para a sociedade". Mas ele reconhece que o BB pode ter um ganho de imagem com o prêmio. "O desenvolvimento sustentável está muito presente nas nossas atividades", afirma.

As comemorações dos 200 anos incluem também uma série de metas para serem cumpridas até outubro de 2008, como volume de crédito, número de clientes e participação nos principais mercados. O cumprimento dessas metas se tornou um pouco mais difícil com a compra do ABN pelo Santander. "É um desafio a mais", diz Lima Neto.

Analistas do setor bancário avaliam que, entre os grandes bancos, o BB não foi o maior perdedor com a aquisição do ABN pelo Santander. O Santander se torna líder em São Paulo pelo critério número de agências. Especialistas dizem que a liderança é fundamental para alavancar as operações. O BB perde menos porque não era líder nesse mercado - já estava atrás de Bradesco e Itaú. Mas, de qualquer forma, fica um pouco mais atrás no principal mercado do país.

Ao mesmo tempo em que o Santander cresce com a compra do ABN, o BB avança em outros mercados em que já é líder. Foram anunciadas nas últimas semanas movimentos importantes, incluindo a incorporação de três bancos estaduais (Santa Catarina, Distrito Federal e Piauí) e contratos para processar o pagamento de funcionários do Maranhão, Minas Gerais e Bahia.

O prêmio "Valores do Brasil" distribuirá R$ 420 mil e terá três categorias. Uma vai dar R$ 50 mil às melhores experiências em áreas como distribuição de renda, meio ambiente, geração de trabalho e renda, organização social e educação. Outra vai premiar com R$ 20 mil trabalhos científicos. Também haverá prêmios regionais de R$ 20 mil para projetos nos principais biomas, como caatinga e pantanal. As inscrições começam em novembro pela internet.