Título: A busca do ouro da virtualização mexe com o Vale do Silício
Autor: Rosa , João Luiz
Fonte: Valor Econômico, 13/11/2007, Empresas, p. B3

Charles Phillips, presidente da Oracle, anunciou ontem aplicativos compatíveis com produtos da SAP, sua maior rival Virtualização ainda não é um conceito muito difundido fora do mercado de tecnologia da informação (TI), mas para as companhias do setor a expressão virou ouro. A Oracle apresentou ontem a pá com que pretende cavar seu quinhão dessa mina. No primeiro dia de trabalho do Oracle Open World, a conferência que realiza anualmente em San Francisco, lançou o Oracle VM, seu software de virtualização. O produto foi apresentado pelo presidente da empresa, Charles Phillips, que classificou o software como um dos destaques do encontro.

A tecnologia da virtualização tornou-se importante porque simplifica a infra-estrutura de TI e permite uma série de economias na área. Virtualizar significa criar computadores virtuais dentro do mesmo equipamento físico. Assim, em vez de comprar vários servidores - os computadores que concentram e distribuem os recursos em uma rede -, a companhia pode optar por adquirir menos máquinas.

Existem nisso duas vantagens evidentes: o desembolso menor na hora da aquisição dos equipamentos e, principalmente, a redução dos custos de manutenção, o que inclui desembolsos com energia.

Se já vinha ocupando um lugar de destaque na cabeça dos diretores de TI das grandes empresas, o tema ganhou ainda mais evidência com a recente oferta pública da VMWare, uma empresa especializada em virtualização, controlada pela EMC, a gigante dos equipamentos de armazenagem de dados. A oferta tornou-se a mais bem-sucedida desde a entrada do Google na bolsa e deu à VMWare um valor de mercado de quase US$ 40 bilhões. No terceiro trimestre, as vendas da VMWare cresceram 90%, para US$ 358 milhões, e o lucro líquido saltou de US$ 19 milhões para US$ 65 milhões, na comparação com o ano anterior.

Tudo isso está atraindo a atenção das demais companhias do setor e dos diretores de TI, os responsáveis pela aquisição de tecnologia para as empresas. O termo virtualização tem sido repetido com insistência no Oracle Open World, que abriu no domingo à noite.

Ontem, quando a platéia de 8 mil pessoas saiu da sala principal de apresentações, o saguão do enorme Moscone Center estava tão abarrotado de placas de saudações ao programa Oracle VM que a multidão enfrentava até alguma dificuldade para avançar. O software está adaptado para funcionar tanto com programas da Oracle como de outras companhias e, de acordo com sua criadora, é três vezes mais eficiente que os produtos das rivais.

Compatibilidade, aliás, é outra palavra-chave, tanto para o setor de TI como para a Oracle. Ontem, a empresa anunciou uma iniciativa batizada de arquitetura de integração de aplicações para a SAP, sua maior rival no campo dos programas de gestão empresarial.

A Oracle afirma que seus aplicativos (programas para recursos humanos, finanças etc.) são usados por mais de 30% dos clientes da SAP e que a iniciativa vai ajudar as companhias a combinar o uso das tecnologias. O objetivo? Em linhas gerais, algo muito semelhante ao da virtualização: simplificar a tecnologia e economizar.