Título: Reforma administrativa estadual provoca protestos em Florianópolis
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2005, Política, p. A6

Músicos, escritores, cineastas e atores reuniram-se ontem em uma passeata no centro de Florianópolis contra o projeto de reforma administrativa enviado pelo governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) à Assembléia Legislativa no início de janeiro. O protesto pedia a criação de uma secretaria exclusiva para o setor e consulta a todos os segmentos da área para elaboração de uma nova política pública. Esta foi a segunda manifestação dos últimos dias contra a reforma. Servidores públicos foram à Assembléia semana passada também protestar contra a extinção de empresas públicas e autarquias. Na área cultural, a proposta de reforma administrativa envolve a extinção da Fundação Catarinense de Cultura, vincula a cultura à Secretaria de Lazer, que também responderia por esporte e turismo, e prevê a criação de dois fundos que contribuiriam com recursos para o setor, o fundo social e o fundo cultural. Os fundos, no entanto, são contestados pela classe artística porque possuem como gestores membros do governo (maioria de cadeiras) e não da sociedade civil. "Não somos contra a interiorização nem contra a descentralização - propostas centrais do projeto segundo o governo -, mas a cultura tem que ser tratada com mais seriedade", disse um dos interlocutores do setor, o cineasta Eduardo Paredes. Na opinião de Paredes, falta legitimidade ao governo de Luiz Henrique para propor uma reforma em "um setor em que nada foi feito nos últimos dois anos.", disse referindo-se ao não pagamento de prêmios estaduais já licitados. Membros da bancada do PMDB receberam uma comissão dos manifestantes. O secretário João Henrique Blasi, principal interlocutor do governo na Assembléia, disse que a cultura sempre esteve ligada a outras secretarias e que vai ouvir os pedidos e analisá-los. A manifestação foi pacífica e teve como mote o "enterro da cultura catarinense". No evento, também foi lançada oficialmente a Frente em Defesa da Cultura Catarinense, que no fim de semana aproveitou a passagem do ministro da cultura Gilberto Gil para entregar um manifesto. A reforma administrativa foi motivo de convocação extraordinária na AL. A previsão é de que ela seja votada até meados de fevereiro.