Título: Greenhalgh tem aceno de Serra em SP
Autor: Jamil Nakad Junior e César Felício
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2005, Política, p. A8

O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, candidato oficial do PT à Presidência da Câmara dos Deputados, encontrou-se ontem com duas das maiores lideranças do PSDB paulista, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, José Serra. Mas não conseguiu garantir o apoio da bancada. A posição tucana só será divulgada no dia da eleição. Alckmin evitou se comprometer publicamente com Greenhalgh. "Quem vai decidir é a bancada", disse o governador depois da reunião. Da parte de Serra, o apoio foi mais explícito. O secretário municipal de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, foi o único tucano em um almoço da bancada paulista com Greenhalgh e fez uma declaração de apoio "em caráter pessoal". Compareceram ao almoço 35 dos 70 deputados paulistas. Dos 18 petistas, só faltaram dois. Nenhum pefelista e apenas um do PMDB. Para Aloysio, a ausência do PSDB não deve impressionar. "Haverá outros tucanos, seguramente muitos outros na eleição". O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, fez o discurso de apresentação de Greenhalgh, mas foi prudente quando falou das chances de derrotar a candidatura avulsa de Virgílio Guimarães (PT-MG). "Todo mundo que se submete a uma votação corre risco", disse. Os petistas não acreditam que o caso Lubeca ressuscitado ontem pelo noticiário, atrapalhe Greenhalgh. "Isso está transitado e julgado. A minha curiosidade é saber a quem serve a volta desse assunto", disse Greenhalgh. Os aliados do deputado afirmam não ter pistas sobre quem teria vazado a transcrição da fita em que o deputado é citado. A assessoria do STF disse que o caso Lubeca não foi analisado pelo Supremo. No encontro dos petistas com Alckmin, os aliados de Greenhalgh acenaram com a reciprocidade de um apoio tucano na eleição para a presidência da Assembléia Legislativa. "O governo indicaria o presidente e nós ficaríamos com o segundo maior cargo na Mesa Diretora", afirmou o deputado federal Devanir Ribeiro. A possibilidade é vista com ceticismo no governo estadual. A avaliação tucana é que o PT não tem como garantir o cumprimento do acordo. O líder petista na Assembléia, Cândido Vaccarezza, reforçou os sinais de que o acordo não existirá. "A negociação sobre a presidência da Câmara deve se dar na Câmara. Aqui na Assembléia, o que nos interessa é a polarização, e não o acordo", afirmou. No legislativo paulista, os petistas têm 23 cadeiras e os tucanos, 20. Já houve fracasso em um acordo na votação para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. O candidato oficial do PSDB, Ricardo Montoro, foi derrotado pelo avulso Ricardo Tripoli, também filiado ao PSDB, que depois abandonou a sigla. Alckmin pediu que o episódio servisse de lição: "Tivemos um problema que poderia ser evitado. Um erro não justifica o outro", disse. Greenhalgh vai hoje ao Rio. Em Brasília, João Paulo deve se reunir com as lideranças, que comunicarão quais cargos os partidos pleiteiam na Mesa. O resultado define o destino das candidaturas de José Carlos Aleluia (PFL-BA) e a de Severino Cavalcanti (PP-PE). Os candidatos foram convidados pela rádio CBN para um debate ao vivo no dia 10 de fevereiro.