Título: Argentina registra exportação recorde, mas superávit menor
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2005, Internacional, p. A9

A Argentina encerrou o ano passado com um recorde histórico no valor de suas exportações, que atingiram US$ 34,45 bilhões. Apesar do desempenho positivo, o país apresentou a menor expansão de vendas externas entre todos os países sul-americanos, de 17%. A maior parte do crescimento das exportações foi impulsionado por um aumento de preços, que subiram 11%, enquanto que o volume exportado cresceu 5%.

E em consequência do forte aumento das importações, que tiveram variação positiva de 61% em relação a 2003, o superávit comercial do ano passado foi menor: US$ 12,13 bilhões contra US$ 15,73 bilhões no período anterior, o que significou uma queda de 22,9%. A queda do superávit foi uma tendência que veio se consolidando durante todo o ano passado. O crescimento das importações é explicado em parte pela aquisição de bens de capital pelas empresas locais, que em alguns setores já não podem mais crescer utilizando capacidade ociosa. O consumo de bens importados também aumentou graças ao crescimento da economia e à expansão do consumo. De acordo com as cifras divulgadas ontem pelo Indec, órgão que elabora as estatísticas oficiais no país, o Mercosul foi o principal destino para as exportações argentinas, absorvendo 19% de tudo o que foi vendido pelo país, e também o principal provedor, suprindo 38% das mercadorias compradas pela Argentina no exterior. Apesar de o saldo comercial da Argentina com os outros países do Mercosul ter sido deficitário em US$ 1,44 bilhão, as vendas do país ao bloco cresceram 20%, e a categoria que impulsionou o aumento foram as manufaturas de origem industrial, com variação positiva de 37%. O aumento das importações de produtos do Mercosul foi de 59%, similar ao incremento geral. Os produtos em que houve maior crescimento das compras argentinas foram automóveis (132%) e bens de capital (104%). Entre os produtos exportados pelo país, o maior peso foi exercido pelas manufaturas de origem agropecuária, que representaram 34% do total das vendas externas. Depois vieram as manufaturas de origem industrial (28%), produtos primários (20%) e combustíveis e energia (18%). Os produtos que registraram o maior incremento em termos de valores absolutos foram automóveis, graças às vendas ao México e ao Brasil, e carnes. O crescimento das exportações das manufaturas de origem agropecuária e industrial no país vizinho foi ocasionado por uma melhora de preços aliada ao aumento das quantidades embarcadas, enquanto que nas outras duas categorias houve crescimento de preços e queda nos volumes vendidos.