Título: Firjan cria grupo para negociar com Petrobras
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 14/11/2007, Brasil, p. A7

Depois de terem sido apanhados de surpresa pelo recente contingenciamento de gás natural, empresários cariocas decidiram fazer uma proposta à Petrobras, envolvendo nas negociações o governo estadual e federal e as distribuidoras de gás do Estado do Rio, na busca de estabelecer critérios e alternativas ao combustível para evitar situações prejudiciais às indústrias locais em novos casos de emergência.

Reunidos ontem, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), representantes de indústrias fluminenses decidiram criar um grupo de trabalho dentro da entidade para estudar como encaminhar a proposta à Petrobras. A idéia é construir um modelo de comportamento para tratar do assunto. Há consenso de que qualquer decisão desse tipo tem de ser tomada em cima de uma negociação entre as partes. Não pode ser uma coisa de "tranco", como disse uma fonte envolvida na discussão, manifestando sua insatisfação com o que ocorreu no Rio por ocasião do contingenciamento do gás natural fornecido pela CEGe a CEG-Rio à indústria e outros usuários, em 29 de outubro. Na avaliação do interlocutor, faltou habilidade do governo estadual e das distribuidoras para negociar com a Petrobras, ao contrário do que aconteceu em São Paulo.

A Comgás , distribuidora paulista de gás, negociou com a Petrobras uma saída para a situação das empresas 15 dias antes do início do contingenciamento, enquanto no Rio houve apenas indignação com a medida adotada pela estatal, que cortou parte do volume extra de gás fornecido à CEG para remetê-lo às térmicas, em função da precariedade de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas.

O propósito da reunião na Firjan foi de evitar que a falta de entendimento prévio entre os envolvidos em situações como essa prejudique as empresas. Algumas delas, durante o contingenciamento, tiveram que parar bruscamente sua produção, o que pode ter afetado seus resultados. Isso não aconteceria se tivesse sido acertado uma substituição do gás por outro combustível. A Comgás acertou isso com as indústrias paulistas e muitas delas optaram pelo uso do óleo combustível para evitar perdas na produção.

Por essa razão, a indústria fluminense pretende trabalhar na busca de alternativas de substituição do gás. Numa reunião marcada para o início de dezembro, os empresários do GT devem apresentar um modelo de proposta para ser encaminhado à Petrobras.