Título: Lula prevê avanço nas relações bilaterais
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2007, Especial, p. A16

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou à presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, uma mensagem de felicitações pela vitória em primeiro turno e reiterou o convite para a primeira-dama visitar o Brasil antes de sua posse. O convite já havia sido feito - e aceito por Cristina - às 22 horas da noite de domingo, quando Lula ligou para ela, tão logo a apuração confirmou a vitória da primeira mulher eleita para a Casa Rosada.

Para o governo brasileiro, apesar de "inequívocos sinais de continuidade" que a vitória de Cristina traz para o cenário político na região, há a possibilidade de mudanças pontuais na atuação da nova presidente, em relação ao mandato do seu marido, Néstor Kirchner.

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, chegou a fazer uma comparação entre os dois mandatos Kirchner (Néstor e Cristina) e os dois mandatos de Lula como presidente. "Apesar de ser uma continuidade, tivemos avanços em relação ao primeiro mandato."

Garcia cita as palavras do próprio Kirchner, dando conta de que sua mulher dará continuidade ao seu trabalho de reerguimento da Argentina, "mas em condições muito melhores daquelas que ele próprio recebeu quando eleito".

Em nota, o presidente Lula diz que "para o Brasil, essa é uma oportunidade ainda maior de seguir fortalecendo a parceria estratégica e os esforços comuns de aprofundamento do Mercosul e do processo de integração sul-americana". Para Lula, "a consagradora manifestação das urnas" mostra que a população aprova o governo Kirchner, que "recolocou a Argentina no rumo do desenvolvimento, da prosperidade e da justiça social, e reafirmou sua presença soberana no mundo".

O chanceler Celso Amorim disse que a vitória de Cristina pode gerar um salto de qualidade nas relações bilaterais. "A parceria estratégica entre Brasil e Argentina é o motor da integração regional e instrumento para nossa inserção soberana no sistema internacional."

Amorim, prevê que uma fase "pragmática, de maiores investimentos" comuns poderá se desenvolver e estimular os empresários dos dois lados, no mandato de Cristina. Para o ministro, o novo governo argentino "poderá se sentir mais à vontade, mais calmo", pois a economia argentina evoluiu e se expande a taxas importantes, bem diferente dos dois primeiros anos do governo Kirchner, em que havia muita incerteza, problema da dívida, inflação, e que marcou o auge de fricções comerciais entre os dois sócios do Mercosul, que agora diminuíram de intensidade.

Integrante da Comissões de Relações Exteriores da Câmara, Raul Jungmann (PPS-PE) não vê mudança na relação com o Brasil, mas quer ver como Cristina se comportará com a Venezuela. (Colaborou Assis Moreira, de Genebra)