Título: Hamburg Süd eleva a oferta de navios para o Brasil este ano
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2005, Empresas &, p. B9

O grupo alemão Hamburg Süd e sua controlada, a brasileira Aliança Navegação e Logística, vão aumentar entre 10% e 12%, em 2005, a capacidade de carga nas suas linhas de longo curso, ligando o Brasil ao exterior, e também na cabotagem - a navegação entre os portos brasileiros. O grupo irá substituir navios menores por outros, de maior porte, na rota entre a América do Sul e a Europa. Vai acrescentar embarcações nas linhas para o Golfo do México e para o Oeste da África, serviço que inclui a África do Sul, e ampliar o espaço nas embarcações que fazem o transporte para os Estados Unidos. O aumento da capacidade de carga do grupo irá acompanhar o crescimento do mercado, pondera Julian Thomas, diretor-superintendente da Aliança e da Hamburg Süd. O grupo trabalha, no Brasil, com a expectativa de crescimento de 12% para as exportações e de 15% para as importações em 2005. A continuada expansão do comércio exterior brasileiro e mundial desafia as empresas de navegação, que enfrentam gargalos de infra-estrutura não só nos portos do Brasil, mas também na Europa e nos Estados Unidos. Thomas informou que, a partir de maio de 2005, a empresa estará incorporando seis navios na linha entre a América do Sul e a Europa. São embarcações com capacidade de transportar 5,5 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés) que substituirão navios menores. "Vamos ampliar em 10% a capacidade nessa rota", calcula Thomas. Na linha com os Estados Unidos, o grupo estará ampliando a capacidade em 15% a partir do fim de março. Nesta data, será encerrado acordo de intercâmbio de espaço nos navios entre um grupo de armadores do qual a Hamburg Süd faz parte. Com o fim do acordo, o grupo alemão e Aliança terão mais capacidade de carga nas embarcações que fazem a rota da América do Sul para o mercado americano. Thomas também informou que serão incorporados dois navios na rota para o Golfo do México e um terceiro na linha para o Oeste da África. Na cabotagem, entrará um navio de 1,2 mil TEUs substituindo outro, de 950 TEUs. O aumento da capacidade de carga da frota não será acompanhado, em ritmo idêntico, de soluções para os gargalos de infra-estrutura nos portos: "Não vamos ter em 2005 um alívio real e teremos de enfrentar os mesmos problemas logísticos do ano passado", avalia Thomas. Os gargalos nos portos brasileiros envolvem demora para atracar, falta de berços e de espaço para armazenar contêineres nos terminais e baixos índices de produtividade na carga e descarga de mercadorias. De Norte a Sul, existem problemas nas operações portuárias, avalia Thomas. O porto de Manaus, estratégico nas rotas de cabotagem da Aliança, é um dos mais complicados. Os navios gastam, em média, três ou quatro dias atracados, o que é inadmissível para embarcações do porte que escalam o porto amazonense (na faixa de 1,2 mil contêineres). Thomas diz que a Aliança analisa soluções para melhorar a produtividade em Manaus. Uma opção é usar guindastes móveis. Hoje os navios que operam em Manaus precisam ter equipamentos de bordo para carregar e descarregar contêineres porque o porto, equipado com cais flutuante, não comporta guindaste fixo. Também existe a possibilidade de construção de outro porto, afastado da área central de Manaus. Em 2004, a Aliança ampliou sua atividade de cabotagem em 30%. "A cabotagem já apresentou lucro", disse Thomas, sem falar em números. No total, a Aliança movimentou 397 mil TEUs no ano passado, com crescimento de 57% sobre 2003. Contribuíram para o resultado a cabotagem, o crescimento das importações no Brasil e as rotas que a empresa mantém para a Ásia e entre as costas Leste e Oeste da América do Sul.