Título: Juro torna operação pouco atrativa
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Fonte: Valor Econômico, 19/11/2007, Finanças, p. C1

Taxas de juros elevadas tornam desinteressante, do ponto de vista do cliente, liquidar antecipadamente o financiamento imobiliário. A diferença no valor da prestação não compensa, avalia o o superintendente do Unibanco, Fábio Leme. "A taxa precisaria estar em torno de 6% ou 7%", diz. Hoje os bancos cobram a partir 8% ao ano mais variação da TR (cerca de 2% ao ano), conforme o valor do imóvel e o tipo de empréstimo.

Os prazos muito longos não eram compatíveis com a instabilidade da economia e a inflação. Prova disso é a inadimplência alta nos contratos mais antigos. Além do fim da inflação, a inadimplência também caiu muito com a alienação fiduciária, diz Roberto Sampaio, diretor do HSBC.

Segundo ele, da carteira "antiga", dos 8 mil contratos, mais de mil têm atrasos superiores a 60 dias. Na "nova" carteira, dos 4 mil contratos, apenas cem apresentam atraso acima de 60 dias.

A quantidade de mutuários inadimplentes (contratos com mais de três prestações em atraso) em setembro deste ano foi de 19,0%, queda em relação aos 22,9% de janeiro, mas bem acima dos 7,5% de fevereiro de 1995, segundo o Banco Central. Considerando apenas contratos firmados após 1998, a taxa cai para 5,5 %.

A adoção da tabela SAC (Sistema de Amortização Constante) também colabora, diz ele, já que, ao contrário da tabela Price, a amortização é mais forte no início, melhorando a percepção de que a dívida está diminuindo.

Luiz França, diretor do Itaú, pondera que apesar da maior estabilidade, outros desafios influenciam no negócio. Ele lembra que o banco iniciou o financiamento direto aos mutuários desde o início das obras. "Esta equação é complexa de se resolver, pois existem riscos para este empréstimo dado que o imóvel ainda não existe e os juros são cobrados deste o momento zero".

Outro ponto levantado pelo executivo é o direcionamento de crédito para um público de menor renda. "O mercado está caminhando para projetos onde o valor da unidade fica entre R$ 60 mil e R$ 100 mil, que é o segmento econômico", avalia.

O saldo do financiamento imobiliário para pessoas físicas atingiu R$ 40,7 bilhões em setembro, segundo o BC. Somente em outubro, os bancos comerciais liberaram R$ 2 bilhões em novas operações, sem contar os dados da Caixa.(FT)