Título: Políticos e empresários do Nordeste e Norte querem Venezuela no Mercosul
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2007, Brasil, p. A4

Políticos e dirigentes empresariais do Norte e Nordeste iniciam hoje uma ofensiva no Congresso para defender a inclusão da Venezuela no Mercosul. Em reação às críticas de partidos oposicionistas, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), contra as condições de entrada da Venezuela no Mercosul, empresários coordenados pela Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria argumentam que a entrada do país governado por Hugo Chávez é a melhor maneira de estender ao Norte e Nordeste benefícios comerciais assegurados pelo Mercosul a outras regiões do país.

Executivos da Câmara Venezuelana-Brasileira e de outras entidades empresariais entregam hoje ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, manifestos assinados por representantes de 54 federações e associações de indústria e de comércio, de oito estados do Norte e Nordeste, em favor da entrada da Venezuela, presidida por Hugo Chávez, no Mercosul. "Pretendemos sensibilizar o Congresso para a demanda de uma parcela importante da sociedade, que está interessada na entrada da Venezuela", argumenta o presidente da Câmara Venezuelana-Brasileira, José Francisco Marcondes.

Os empresários tinham audiência marcada também com o presidente do Senado, mas só hoje devem saber se, com a queda de Renan Calheiros (PMDB-AL) e sua substituição por Tião Viana (PT-AC), o compromisso ainda está na agenda da presidência. A visita ao Congresso, para reforçar o lobby pela entrada da Venezuela, vem sendo organizado desde o mês passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com Hugo Chávez, em Manaus. A lista de apoio à entrada do país no bloco do Cone Sul reúne principalmente entidades do Pará, Rondônia e Roraima (pelo menos dez de cada Estado) e lideranças também de outros cinco Estados das duas regiões (Norte e Nordeste).

As federações de indústria de Pernambuco, Bahia, Pará, Alagoas, Acre e Roraima apóiam o movimento pró-entrada da Venezuela, assegura Marcondes, que também arregimentou apoio de associações comerciais e de agricultura de vários Estados. O objetivo da pressão é a aprovação do pedido de entrada da Venezuela, pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara, que se reunirá para votar o assunto na quarta-feira da próxima semana. "Esse tema está muito politizado e queremos despolitizá-lo", diz Marcondes.

A apreciação do acordo para ingresso da Venezuela no Mercosul foi paralisada no Congresso, depois de declarações hostis de Chávez contra o Senado, em maio, e a afirmação do venezuelano atribuindo à "mão de Washington" as razões do atraso na discussão da medida.

Há um acordo na Câmara para votação da proposta na quarta-feira, mas as chances de aprovação do ingresso venezuelano no Mercosul são prejudicadas por manifestações políticas de Chávez - como no último fim de semana, quando o venezuelano ameaçou reagir com armas a um eventual golpe "das elites" na vizinha Bolívia. Os empresários, com os manifestos e dados sobre a crescente importância econômica do comércio com a Venezuela, esperam combater com números os argumentos políticos contra a adesão do novo sócio ao Mercosul.