Título: Lupi prevê geração recorde de novas vagas em 2007
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2007, Brasil, p. A5

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, estima que serão criados neste ano cerca de 1,6 milhão de empregos sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), cifra que, se confirmada, superará o recorde de 1,52 milhão de postos de trabalho abertos em 2004, conforme a série iniciada em 1992. Entusiasmado com os números de setembro, que garantiram o recorde mensal, Lupi disse que o país terá "o melhor Natal da história".

Em setembro foram criados 251 mil novos postos de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem. Esse número é 42,11% maior que o saldo de setembro de 2006 e 25,74% superior que o do mesmo mês em 2004. De janeiro a setembro, o saldo acumulado do Caged é de 1,606 milhão de postos, o que significa aumento de 16,12% sobre o mesmo período em 2006. Na comparação com 2004 - o melhor ano da série - houve, porém, redução de 3,55% nesses nove meses.

"Esses dados farão com que os integrantes do Copom pensem com muito carinho. Juros altos só interessam a quem especula com o capital. Puxar o freio de mão pode fazer o carro capotar", disse Lupi. Segundo o ministro, o BC vai olhar para os números e ver que todos os indicadores estão no sentido contrário ao do aumento da inflação.

Com exceção da agropecuária, todos os setores de atividade econômica apresentaram boa evolução no mês passado. Setembro teve saldo negativo de 18.363 vagas na agropecuária, mas essa redução é 13,5% menor que a de setembro do ano passado, mês que sazonalmente não é bom para a geração de empregos no setor.

O Caged mostrou que a indústria foi o setor que mais gerou empregos formais, com saldo de 112 mil vagas em setembro. Na indústria os segmentos mais dinâmicos foram os de alimentos, têxtil/vestuário, metalurgia, mecânica e calçadista. Em segundo lugar estão os serviços, com criação de 73 mil novas vagas. Comércio (50 mil) e construção (30 mil) vêm em seguida.

Os dados acumulados de janeiro a setembro alteram essa ordem, com o setor de serviços gerando mais empregos: 497 mil postos. A indústria ocupa o segundo lugar, com saldo de 480 mil vagas. Na sequência estão comércio (211 mil), agropecuária (197 mil) e construção (173 mil). Os segmentos industriais que mais criaram empregos neste ano foram os de alimentos, têxtil/vestuário, metalúrgico e material de transporte.

Na comparação com os nove primeiros meses dos anos anteriores, o único setor que vem apresentando evolução constante é a construção. A criação de 173 mil empregos neste ano é 31,7% maior que a do mesmo período em 2006 e ainda mostra crescimento de 60,5% sobre 2005 e 75,7% sobre 2004. Lupi atribuiu o bom desempenho da construção às políticas de incentivo e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele citou, como exemplo, que o FGTS terá de destinar recursos adicionais para as linhas de financiamento habitacional para a baixa renda.

No aspecto regional, o Caged mostra que o Sudeste liderou a geração de empregos este ano, com 983 mil vagas. Em segundo lugar vem o Sul, com 262 mil postos. O Nordeste ficou com o terceiro lugar, criando 168 mil empregos. O Centro-Oeste teve saldo de 127 mil vagas e o Norte, apenas 67 mil. As áreas metropolitanas criaram menos empregos que o interior do país. Segundo o Caged, entre janeiro e dezembro elas tiveram saldo de 553 mil vagas, contra 743 mil do interior.