Título: Tucanos lideram disputa em que Lula é maior cabo eleitoral
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2007, Politica, p. A10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem, em seu partido, candidato forte para sucedê-lo em 2010. Os petistas estão mal colocados em uma relação de 22 nomes apresentados pela pesquisa feita pelo instituto Sensus para a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Os três mais votados são tucanos: o governador de São Paulo, José Serra (12,8%), o ex-governador Geraldo Alckmin (11,6%) e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (9,8%). Mas o presidente tende a ser o mais forte cabo-eleitoral da disputa: 10,8% dos entrevistados disseram estar dispostos a votar no candidato que tiver seu apoio e 25,4% admitem que "poderiam votar". O percentual é considerado alto por Ricardo Guedes, diretor do Sensus. "Governantes normalmente transferem apenas cerca de 4 a 5% de votos", disse. O índice de rejeição - quem não votariam em candidato de Lula (27,3%) - é considerado pequeno pelo analista. "Se o presidente apresentar um candidato palatável, o escolhido terá boas chances de subir", disse.

A relação de supostos pré-candidatos foi apresentada aos entrevistados em ordem alfabética. Dos sete petistas incluídos na lista - ministros Marta Suplicy, Tarso Genro, Dilma Rousseff e Patrus Ananias, governador Jaques Wagner (BA), prefeito Fernando Pimentel (Belo Horizonte) e deputado Arlindo Chinaglia (SP) -, Marta Suplicy aparece em melhores condições (7º lugar, com 2,2%). Dos nomes hoje cotados como possíveis candidatos de Lula, o mais competitivo é o do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), em quarto lugar (9,4%). À frente da ministra do Turismo aparecem, Serra, Alckmin, Aécio, Ciro, a ex-senadora e presidente do P-SOL Heloísa Helena (6,1%) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (4,7%).

O instituto elaborou duas outras listas simuladas, cada uma com três supostos candidatos. Nas duas, o nome da ministra Dilma foi incluído. Se ela aparece com apenas 0,7% quando colocada entre 21 outros pré-candidatos, nas duas outras opções suas condições melhoram. Concorrendo com Ciro e Aécio, ela fica em terceiro lugar, com 5,4%. Ciro tem 28,3% e Aécio, 20,5%. Na outra opção, em que Dilma concorre com Serra e Ciro, ela se mantém em terceiro, com 5,7%. Serra ganha com 30,0% e Ciro fica com 22,8%.

Para Guedes, embora Serra apareça em primeiro lugar, na relação de 22 pré-candidatos, seu desempenho é "pífio", por ter sido candidato a presidente e ministro. É alto o índice de eleitores que ainda não tem candidato: 32,2% não optam por nenhum dos 22 e, quando são apresentadas as listas com três nomes, mais de 40% dizem não ter opção.

Lula mantém popularidade alta (61,2% aprovam seu desempenho), mas com pequena queda em relação a junho (quando tinha aprovação de 64,0%), data da pesquisa anterior. Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, apesar da redução no percentual de eleitores que aprovam o desempenho de Lula, ainda não é possível falar em queda. "Ainda é cedo. Temos que esperar a próxima pesquisa", disse.

Segundo Clésio, a boa avaliação pessoal de Lula pode ser explicada pelo seu discurso forte. Além disso, Clésio cita a geração de emprego, os programas sociais e os números macro-econômicos em geral. De acordo com a CNT/Sensus, a avaliação do governo Lula apresentou avaliação positiva de 46,5%, contra 47,5% em junho. A avaliação negativa subiu de 14% em junho para 16,5% em outubro. A oscilação está dentro da margem de erro da pesquisa (três pontos percentuais).

Outros temas foram incluídos na CNT/Sensus, como a possibilidade de extinção da Câmara e do Senado. Resultado: 19,2% aprovam a extinção da Câmara e 23,3%, a do Senado. A unificação das duas Casas recebeu aprovação de 45,3%. Sobre a atuação dos maiores partidos de oposição, PSDB e DEM, 24,8% a considera "competente", mas "conivente" com o governo federal.

O princípio da reeleição é aprovado por 57,4% (era 65,4% em abril de 2006. O direito de um presidente da República - em tese - ao terceiro mandato é defendido apenas por 12,3%. A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a fidelidade partidária teve aprovação de 54,2%. Por outro lado, 48,7% disseram que o mandato deve pertencer ao candidato.