Título: ArcelorMittal fará aumento de US$ 40 em janeiro
Autor: Matthews , Robert Guy
Fonte: Valor Econômico, 20/11/2007, Empresas, p. B6

Num esforço para transferir o aumento de custos com energia e matérias-primas aos clientes, a gigante do aço ArcelorMittal planeja uma série de aumentos de preços, de 6% a 9% na América do Norte e de um montante não revelado na Europa, no primeiro semestre do próximo ano.

O aumento da maior siderúrgica do mundo em produção representa um reconhecimento de que o preço do minério de ferro, um ingrediente de produção do aço, está prestes a subir durante as negociações em curso entre as siderúrgicas e as maiores produtoras do minério - entre as quais a Cia. Vale do Rio Doce. As mineradoras estão pedindo um aumento de 30% a 50%.

O aumento esperado também ressalta as incertezas no setor quanto à tentativa de aquisição da mineradora Rio Tinto PLC pela BHP Billiton PLC, um negócio de US$ 128,22 bilhões que criaria uma gigante do minério de ferro. Ontem, o Instituto Internacional do Ferro e do Aço, de Bruxelas, que representa cerca de 180 siderúrgicas de todo o mundo, manifestou-se contra o negócio.

O aumento planejado pela ArcelorMittal sinaliza a forte posição da indústria do aço para definir preços. Avalia-se que as siderúrgicas estejam numa boa posição para repassar parte de seus custos maiores para as indústrias da construção, máquinas-ferramentas, fabricação de tubos e outros clientes porque a oferta do aço está limitada em alguns mercados, particularmente nos EUA. O aumento anunciado pela ArcelorMittal é mais ou menos o dobro de um feito no quarto trimestre.

Clientes como montadoras e fabricantes de eletrodomésticos não devem sentir imediatamente o aumento porque geralmente têm contratos de um ano. Mas isso pode resultar em preços mais caros para elas se o aumento vingar.

Peter Marcus, analista do setor siderúrgico da World Steel Dynamics, uma firma de pesquisa de New Jersey, disse que outras siderúrgicas devem adotar um aumento de outros US$ 30 a US$ 40 por tonelada curta (907,1 kg) nos EUA. "As usinas vão enfrentar um enorme problema de custo no próximo ano", disse ele. "Além disso, as importações estão em queda. As usinas sentem que agora têm o poder de elevar preços."

Muitas siderúrgicas, como a U.S. Steel Corp., raramente anunciam aumentos do preço do aço, preferindo dizer aos clientes diretamente. A U.S. Steel supre seu próprio minério de ferro na América do Norte, e portanto não precisa comprar de mineradoras.

Tanto a Nucor Corp. quanto a Corus, uma subsidiária da Tata Steel Ltd. que é a segunda maior siderúrgica da Europa, já disseram que vão provavelmente elevar os preços em 2008. A Nucor planeja elevar os preços em pelo menos US$ 30 a tonelada curta, ou pelo menos 5%, para o aço laminado plano, como o usado por fabricantes de máquinas-ferramentas, para as vendas de janeiro. Geralmente, o aço laminado plano nos EUA é vendido a cerca de US$ 520 a tonelada no mercado à vista.

Na América do Norte, a ArcelorMittal planeja elevar os preços em US$ 40 a tonelada curta para entregas a partir de janeiro próximo, além do aumento de US$ 20 por tonelada que entrou em vigor dia 1º de outubro. A empresa não está divulgando um número para o mercado europeu, mas disse que lá o aumento começa no segundo trimestre, em vez do primeiro, e se aplica a aços planos, para refletir o aumento dos custos de matéria-prima e a forte demanda.