Título: Reino Unido quer atrair investimentos do Brasil
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2007, Brasil, p. A6

Em conversa informal com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, o CEO da UK Trade & Investments (UKTI), Andrew Cahn, perguntou porque a estatal brasileira não listava suas ações na bolsa de Londres. "Porque vocês ficam em Nova York, onde os custos são mais altos?" , questionou o alto funcionário do governo britânico. Gabrielli não deu uma resposta definitiva, mas deixou claro que estava aberto a idéia. Cahn também esteve na Vale do Rio Doce.

No comando da agência de promoção de exportações e atração de investimentos do Reino Unido, Cahn fez uma curta visita ao Brasil nessa semana. À primeira vista, pode parecer estranho que a quinta maior economia do mundo venha ao Brasil em busca de investimentos. Mas, para o CEO da agência britânica, a estratégia faz todo o sentido.

Indicado para o cargo pelo primeiro-ministro Gordon Brown, Cahn alterou a filosofia da agência e elegeu o Brasil como um de seus mercados prioritários. China, Rússia, Índia e México também fazem parte da lista. Hoje 35% do investimento estrangeiro direto atraído pela Grã-Bretanha vem dos Estados Unidos. Japão, Alemanha, França e Canadá também são parceiros importantes. Ainda assim, Cahn decidiu apostar suas fichas nos emergentes.

O interesse do executivo é atrair as grandes empresas brasileiras e de outros países em desenvolvimento, que estão ganhando espaço no mercado mundial, a utilizar os serviços oferecidos pelo Reino Unido. "A Grã-Bretanha é o centro financeiro mais bem regulado do mundo", diz. "Londres está virando um ímã. Se a empresa precisa de serviços legais, de contabilidade ou consultoria, a cidade oferece os melhores do mundo", completa.

Daí o convite para que empresas como a Petrobras abram o capital na bolsa de Londres. Cahn tem um bom argumento, para atrair os empresários. A capital britânica oferece vantagens, sem os altos custos impostos pela lei Sarbanes Oxley, que, em busca de maior segurança, dificultou a vida das empresas em Nova York. O Brasil está no radar do Reino Unido, porque os britânicos acreditam que o país deve receber o status de grau de investimento em breve.

Em entrevista ao Valor, Cahn reclamou que o Brasil ainda é um mercado fechado na área de serviços, que é a que mais interessa à Grã-Bretanha. Ele citou como exemplo o setor de resseguros, que está sob controle do governo, embora em processo de privatização.

Nas exportações de produtos, o desempenho do Reino Unido no mercado brasileiro é fraco, com uma fatia de apenas 2% das importações do país, enquanto a Alemanha abocanha 8%, ou quatro vezes mais. "A culpa é toda nossa, que não focamos o suficiente no mercado brasileiro. Os exportadores britânicos tem uma visão ultrapassada do Brasil", diz. No primeiro semestre do ano, o Brasil aumentou em 23,5% suas exportações para o Reino Unido, para US$ 1,46 bilhão. As importações cresceram 22,7%, para US$ 822 milhões.